Prevenção ao suicídio: o papel da família das vítimas

Bem-estar Equilíbrio
13 de Setembro, 2022
Prevenção ao suicídio: o papel da família das vítimas

O mês de setembro é marcado pela campanha de prevenção ao suicídio, também conhecida como setembro amarelo. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que cerca de 800 mil pessoas se suicidam anualmente, em todo o mundo. Mas pouco se fala sobre o quanto essa realidade afeta os familiares e pessoas próximas às vítimas. 

Apesar de o tema estar ganhando força cada vez mais, ainda existe um grande tabu em relação à saúde mental. De acordo com a ABRATA (Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos), de 5 a 10 familiares e pessoas mais próximas das vítimas sofrem as consequências emocionais, sociais e econômicas atreladas ao suicídio. 

Prevenção ao suicídio: cuidado ao abordar o tema com os filhos

O psicólogo Filipe Colombini afirma que os pais ou responsáveis devem abordar o tema de forma natural, mas isso dependerá da relação que eles têm com os filhos.

“Conversar com naturalidade significa que os pais devem perguntar para os filhos o que eles entendem, pesquisam e ouvem falar sobre suicídio para que não ocorra apenas “sermões” e “palestrinhas” sobre o tema. Ou seja, entender quais são as dúvidas, as confusões e os preconceitos envolvidos”, ressalta o psicólogo.

Assim, para Filipe, se os filhos não têm conhecimento sobre o tema, os pais devem incentivá-los a falar sobre sobre seus sentimentos e pensamentos, incluindo as relações, dificuldades, sofrimentos, etc. 

“Falar sobre suicídio envolve o estabelecimento de uma relação e um diálogo que se inicia desde cedo. Envolve confiança e uma audiência não punitiva e com muito acolhimento! Ou seja, envolve ensinar e falar sobre sentimentos, sofrimentos (e, principalmente, como lidar com eles). Visto que o suicídio é, na maioria dos casos, uma grande esquiva de lidar com o que se sente e o que pensa”, diz Colombini.  

De quais formas os familiares podem ajudar na prevenção ao suicídio?

Perceber os sinais de depressão é extremamente importante para prevenir que se agrave ao ponto da vítima cometer suicídio.

Segundo Filipe, os familiares devem evitar julgamentos, interpretações, invalidações e minimização do sofrimento alheio. “Foque na comunicação clara, sincera e genuína. É importante que os familiares estejam cientes sobre como auxiliar as vítimas a lidarem com seus comportamentos impulsivos e destrutivos. Por exemplo: acionar profissionais; fazer parte do plano de segurança (que são ações importantes para lidar com ideação e comportamentos autodestrutivos); estar ao lado com compaixão e apoiar nas habilidades de resiliência”, lembra o psicólogo entrevistado.

Além disso, existem outras maneiras de orientar as vítimas a cuidarem da saúde mental em prol da prevenção ao suicídio. Confira:

  • Técnicas de respiração, relaxamento e mindfulness; 
  • Alterar a temperatura corporal; 
  • Buscar ajuda profissional;
  • Praticar exercícios físicos; 
  • Identificar e nomear os sentimentos em uma agenda, por exemplo.

“Os familiares devem manejar o ambiente para evitar acesso a objetos cortantes, remédios e colocar redes de proteção em janelas. Trata-se, muitas vezes, de identificar e antecipar situações gatilhos ao suicídio, além de proporcionar oportunidades para desenvolver e manter essas habilidades no dia a dia”, indaga Filipe.

Identificando os sinais de depressão e risco de suicídio

Para identificar o risco de suicídio, é importante estar atento ao padrão de comportamento da pessoa com risco. Filipe lembra que os familiares devem fazer isso observado os seguintes sinais:

  • Isolamento;
  • Falta de expressão;
  • Agressividade;
  • Discursos de desesperança; 
  • Falar/pensar sobre morte diversas vezes; 
  • Discutir sobre a vida após a morte; 
  • Pensar em ações relacionadas com a morte: fazer testamento, fechar conta em banco, tirar dinheiro do banco, etc.

Dessa forma, se você perceber esses comportamentos, reforce para a vítima a importância de buscar ajuda psicológica. Lembre-se que ter uma rede de apoio ativa auxilia na prevenção ao suicídio, por isso, esteja sempre ao lado da vítima. 

Leia mais em: Setembro Amarelo: perceba o risco de suicídio em alguém próximo

Busque ajuda

Você pode encontrar ajuda psicológica através dos seguintes canais:

  • Centro de Valorização a vida (CVV) –  rede de apoio emocional e prevenção do suicídio. Atende ligações voluntária e gratuitamente de pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, email e chat 24 horas todos os dias. Acesse o site: www.cvv.org.br ou ligue para 188;
  • Em casos de emergência – ligue para o SAMU, discando 192 ou vá para uma UPA, pronto socorro ou hospital mais próximo.

Fonte: Filipe Colombini, psicólogo.

Sobre o autor

Julia Moraes
Jornalista e repórter da Vitat. Especialista em fitness, saúde mental e emocional.

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