Crianças estão mais expostas a perda de audição por excesso de barulho; veja lista de cuidados
Fones de ouvido, vídeo game e televisão fazem parte da rotina de boa parte das crianças. Embora possam entreter e ensinar, a exposição excessiva a barulhos na infância pode resultar em prejuízos à saúde auditiva, segundo um novo alerta emitido pela Academia Americana de Pediatria (AAP).
Globalmente, mais de 1,5 bilhão de pessoas experimentam algum grau de perda auditiva de acordo com dados da OPAS — Organização Pan-Americana de Saúde. Mas até chegar a esse nível de comprometimento, os riscos cumulativos começam cedo e podem afetar bebês, crianças e adolescentes. Contudo, ao adotar medidas de cuidado, o risco de perda auditiva pode ser minimizado. Saiba mais a seguir.
Veja também: Quando suspeitar de câncer infantil?
Reconhecendo ambientes barulhentos
Da infância à adolescência, os pequenos são submetidos a uma série de interferências sonoras que podem afetá-los de forma diferente de acordo com a idade. Os menores tendem a ficar concentrados nos desenhos e vídeos animados em alto volume. Já os adolescentes apostam na música alta e no uso de fones de ouvido.
O problema é que esses ruídos somados a poluição sonora, como trânsito, construções e máquinas, podem agravar ainda mais os riscos sem que a criança perceba as consequências. Os resultados dessa exposição são mais notórios na fase adulta e podem causar surdez permanente.
Perda de audição: riscos envolvidos
Segundo o alerta publicado pela instituição no dia 21/10, “a exposição ao ruído ambiental tem sido caracterizada como um dos mais importantes fatores de estresse ambiental que afetam a saúde pública em todo o mundo”.
Especificamente nas crianças, a exposição sonora excessiva pode afetar a aprendizagem, o sono e a qualidade de vida, o que, consequentemente, prejudica seu desenvolvimento.
“As crianças têm canais auditivos menores que os adultos, o que intensifica os sons de frequência mais alta, e torna a exposição excessiva ao ruído um grave perigo para a saúde pública”, ressaltou Sophie Balk, pediatra que participou da emissão do alerta da AAP.
Para o Dr. Bruno Borges, médico especialista em otorrinolaringologia pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia, a perda auditiva acarreta em sintomas como atraso ou dificuldades na fala e falta de diálogo. Contudo, muitos pais relacionam esses problemas a outros distúrbios e só buscam tratamento quando novos sintomas começam a surgir.
“Diagnósticos equivocados e o costume de esperar que a criança desenvolva o diálogo naturalmente podem acarretar danos irreparáveis na infância e até na vida adulta; além de atrasar a reabilitação do déficit auditivo. Quanto antes o tratamento for iniciado, maiores as chances de desenvolvimento da criança, além de melhores resultados no processo de tratamento que possibilitam que o desempenho comunicativo seja alcançado mais rapidamente, muito próximo ao de crianças ouvintes”, explica e acrescenta “a perda auditiva pode ser diagnosticada com uma audiometria, um exame simples que detecta a doença em até 90% dos casos, dependendo da idade e da colaboração da criança”.
Cuidados recomendados: veja lista
Para evitar a perda de audição, é necessário começar a trabalhar o ambiente sonoro das crianças o quanto antes. A seguir, confira as dicas da Academia Americana de Pediatria:
- Limitar o uso e o volume em fones de ouvido. Uma dica da instituição para limitar o volume é: enquanto a criança estiver de fone, o volume deve permitir que ela ouça quando alguém falar com ela.
- Evitar locais excessivamente barulhentos, como concertos, shows, eventos esportivos ou fogos de artifício. Quando não for possível evitar esses eventos sociais, deve-se utilizar protetor auricular, mesmo em bebês pequenos. “As crianças devem ser protegidas de ruídos impulsivos sempre que possível”, aconselha a AAP.
- Evitar brinquedos que contenham sons;
- Diminuir a exposição a telas, videogame, tablets e outros dispositivos eletrônicos sonoros;
Fonte: Bruno Borges de Carvalho Barros, médico especialista em otorrinolaringologia pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e cirurgia cervico-facial.