Paralisia cerebral: o que é, tipos, causas, tratamento e mais
A paralisia cerebral (PC) ou encefalopatia crônica não evolutiva (ECNE) é uma série de enfermidades e sequelas decorrentes de lesões no cérebro. As evidências da paralisia ocorrem ainda na infância, geralmente durante o primeiro ano de vida.
Veja também: Afinal, é perigoso descer a serra com o bebê?
Tipos de paralisia cerebral
A paralisia cerebral possui cinco níveis diferentes, que variam de acordo com as limitações da criança. Chamada Classificação da Função Motora Grossa (GMFCS), a avaliação serve para refinar o diagnóstico do paciente infantil e, assim, oferecer o tratamento mais adequado.
- Nível I: o indivíduo anda sem limitações.
- Nível II: a possui alguma dificuldade para correr, pular, andar em terrenos irregulares e subir escadas sem suporte.
- Nível III: neste nível, a criança precisa de apoio para se locomover. Por exemplo, uso de muletas, andador e cadeira de rodas, caso seja um percurso longo.
- IV: mais crítico, não é possível andar ou ficar em pé sem auxílio. Então, o uso de cadeira de rodas — principalmente as motorizadas — torna-se essencial para a criança se deslocar.
- Nível V: mais grave, a pessoa é completamente dependente de cuidadores e familiares para fazer qualquer atividade.
Quais são as causas da paralisia cerebral?
A principal característica da PC são lesões no cérebro, resultantes de uma malformação do feto durante a gestação. Dessa forma, a condição pode ser identificada ainda na gestação, mas é mais comum ser diagnosticada depois do nascimento, nos primeiros meses de vida.
Tais lesões ou malformações podem acontecer por diferentes motivos, como falta de oxigênio no momento do parto e doenças gestacionais. Ou seja, o estado de saúde da mãe pode influenciar bastante no desenvolvimento da PC. Enfermidades como rubéola, toxoplasmose, Zika e infecções variadas são fatores de risco para o surgimento de anomalias genéticas.
Outro fator de risco é a prematuridade — os bebês que nascem antes da 40ª semana de gravidez são mais frágeis. Afinal, a formação do pequeno está incompleta, e os vasos sanguíneos do corpo, incluindo os do cérebro, são mais finos e suscetíveis a lesões.
Por fim, nos primeiros meses ou anos de existência da criança, doenças como meningite, desidratação severa e infecções generalizadas podem motivar as lesões no cérebro em níveis variados.
Sintomas
As sequelas da paralisia cerebral dependem da extensão e área da lesão ou malformação do órgão. Portanto, os sintomas vão desde uma leve deficiência na coordenação motora, com rigidez muscular que afeta um ou mais membros, até manifestações severas do quadro. Por isso que a classificação correta ajuda o médico a prescrever o uso de próteses e outras alternativas para melhorar a locomoção e autonomia do indivíduo.
Crianças com estágios mais críticos ainda podem ter dificuldades para aprender, falar, com o comportamento incompatível com suas idades. Outra sequela decorrente da paralisia cerebral pode comprometer os sentidos, causando dificuldades para ouvir e enxergar.
Diagnóstico
Na maioria dos casos, o diagnóstico da criança acontece na fase do salto do desenvolvimento primário. Logo, se o pequeno demora para andar, interagir e se movimentar, é importante buscar o auxílio do médico pediatra. Outra suspeita é a rigidez e fraqueza muscular, que podem indicar a PC.
Para confirmar a paralisia, o médico pode solicitar exames de imagem, como a ressonância magnética e a tomografia computadorizada. Em conjunto, os testes conseguem detectar a anomalia presente no cérebro. Exames laboratoriais e de função nervosa e muscular, como a eletroneuromiografia, podem complementar o diagnóstico.
Mas, o mais importante é investigar o histórico de saúde do bebê ou criança, assim como o da mãe: fazer perguntas sobre possíveis doenças durante a gravidez e dificuldades na hora do parto podem ser essenciais para determinar a PC.
No entanto, o tipo específico da paralisia cerebral pode vir depois do diagnóstico, pois a criança precisa atingir a idade do desenvolvimento motor (em média, aos dois anos de vida).
Tratamento
Muitos pais e responsáveis ficam extremamente aflitos com o diagnóstico da paralisia cerebral. Embora não exista cura, o tratamento de suporte correto pode oferecer qualidade de vida para a criança — sobretudo para aquelas com quadros limitantes da condição.
Contar com uma equipe multidisciplinar com fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas e ortopedistas ajudam na evolução da criança. Além disso, alguns casos podem exigir cirurgia para corrigir deformidades de membros.
Acima de tudo, os responsáveis pelos cuidados do indivíduo com PC precisam ter paciência e dar acolhimento. Afinal, cada criança tem suas limitações: umas precisam de mais cuidados, enquanto outras, de menos.
É possível prevenir?
Por ser uma situação imprevisível, não há como frear ou impedir a paralisia infantil. Em contrapartida, a mãe precisa ter autocuidado no decorrer da gestação. Comparecer a todas as consultas pré-natal, fazer os exames de rotina e ter contato frequente com o obstetra são práticas valiosas para minimizar quaisquer riscos.