Obesidade na adolescência: como diminuir o consumo de ultraprocessados

Alimentação Bem-estar Saúde
19 de Agosto, 2022
Obesidade na adolescência: como diminuir o consumo de ultraprocessados

Ultraprocessados como refrigerantes, bolachas, embutidos e pratos prontos representam cerca de 1/3 da dieta dos adolescentes brasileiros. Tais alimentos são conhecidos por seus altos teores calóricos e pelas baixas quantidades de nutrientes. Além disso, o consumo frequente de ultraprocessados na adolescência está associado a um risco 48% maior de desenvolver obesidade. “Além do aumento do risco para doenças crônicas não-transmissíveis, a obesidade na adolescência pode influenciar negativamente na convivência social e impactar a saúde mental”, pontua a nutricionista doutora em saúde da criança e adolescente Lúcia Gratão.

Malefícios do consumo de ultraprocessados

Acima de tudo, vale entender que esses produtos recebem essa nomenclatura justamente por serem submetidos a uma série de etapas e técnicas de processamento. Por isso, não é possível tentar replicá-los em casa. Afinal, muitos métodos e ingredientes são de uso exclusivo da área industrial.

Além disso, os ultraprocessados costumam ser ricos em gordura, açúcar e sódio. “A ingestão de açúcar e gordura em excesso pode levar ao aumento de peso, o que eleva as chances das pessoas de terem doenças crônicas como diabetes, colesterol e triglicérides elevados no sangue e hipertensão. Esses quadros também podem levar a outras doenças mais graves, por exemplo, infarto agudo do miocárdio, doenças vasculares e Acidente Vascular Encefálico”, esclarece a profissional.

Para além da saúde física, Lúcia ressalta que o hábito de consumir ultraprocessados com frequência influencia em uma cultura alimentar nada saudável. Além de perpetuar uma relação não benéfica com a comida, também corrobora com a degradação do meio ambiente, uma vez que as formas de produção, distribuição e comercialização desses itens não são sustentáveis.

Obesidade na adolescência

O diagnóstico da obesidade, em qualquer fase da vida, aumenta as chances do desenvolvimento de outras doenças crônicas. Por exemplo: hipertensão, diabetes, dislipidemias, câncer e complicações articulares e motoras. A ingestão frequente de ultraprocessados está diretamente associada a um risco maior de um quadro de obesidade na adolescência.

“Pesquisas científicas mostram que 80% dos adolescentes com obesidade permanecerão com essa condição na vida adulta”, destaca. Além disso, durante a infância e a adolescência, há uma maior pressão social e estética, além de um grande desejo de pertencer. Uma pesquisa descobriu, inclusive, que sintomas de depressão podem estar associados à obesidade em adolescentes. 

Papel dos pais

De acordo com a nutricionista, os pais têm um papel crucial na alimentação dos filhos desde a infância até a adolescência. Isso porque os hábitos alimentares incorporados nessas fases têm mais probabilidade de serem levados para a vida adulta. 

Entretanto, não adianta só dizer. Servir como exemplo é essencial. “Observando os pais comerem alimentos saudáveis, as crianças e adolescentes têm maior chance de adotarem o mesmo padrão de alimentação”, diz.

Os pais também detêm o poder de escolha do que deve ou não sair da prateleira do supermercado e ir para a despensa de casa. Assim, é importante usar essa responsabilidade para investir em alimentos saudáveis e nutritivos, trazendo boas opções para as refeições. “Dessa forma, há maior chance das pessoas que residem na casa optarem por comer esses alimentos”, comenta.

Diminuir ultraprocessados

No que diz respeito ao incentivo de uma diminuição no consumo de ultraprocessados, Lúcia indica que os pais não deixem esses produtos disponíveis dentro de casa e limitem a ingestão deles a momentos externos ou eventos sociais. 

Entretanto, a influência dos pais não pode se resumir à cozinha de casa. Isso porque as crianças e os adolescentes passam grande parte do tempo na escola. “A alimentação neste ambiente também deve ser observada pelos pais no ato da matrícula, principalmente no caso das escolas privadas”, reforça Lúcia.

Segundo ela, é preciso realizar alguns questionamentos, como: o que está disponível para compra na cantina da? A escola se preocupa com a alimentação dos seus alunos? A alimentação saudável faz parte do currículo escolar? 

Dialogar com os filhos e explicar os motivos pelos quais ultraprocessados não devem ser consumidos com frequência e em excesso é fundamental para que eles comecem a entender a importância de nutrir o corpo com alimentos bons. Além disso, montar lancheiras saudáveis e incentivá-los a escolherem snacks mais nutritivos, como frutas e sanduíches naturais, também é válido.

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Obesidade na adolescência: 5 dicas para melhorar a alimentação

A nutricionista pontua 5 dicas práticas para diminuir o consumo de ultraprocessados, melhorar a alimentação e, consequentemente, tratar e evitar o diagnóstico de obesidade na adolescência. Confira:

1 – Respeitar sua fome e saciedade;

2 – Limitar o consumo de doces, guloseimas e refrigerantes a festividades;

3 – Planejar junto com a família as refeições com antecedência, incluindo os lanches da escola e intervalos em casa;

4 – Seja crítico em relação a publicidade de alimentos;

5 – Evite ao máximo o consumo de alimentos ultraprocessados.

Por fim, é importante o acompanhamento médico e nutricional, além da prática de atividades físicas adequadas. Assim, vale manter os exames sempre em dia e marcar uma consulta caso desconfie de algum problema na saúde da criança ou adolescente. 

Fonte: Lúcia Gratão, nutricionista materno-infantil, doutora em saúde da criança e adolescente

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