Mitos e verdades: câncer de pele

Saúde
07 de Dezembro, 2021
Mitos e verdades: câncer de pele

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de pele não melanoma (carcinoma basocelular e carcinoma espinocelular) é o tipo mais frequente no Brasil, e sua incidência tende a ser maior em pessoas com mais de 40 anos. Em 2020, foram registrados 176.930 casos, sendo 83.770 homens e 93.160 mulheres. Existem muitos mitos e verdades sobre o câncer de pele, contribuindo para a desinformação. Para entender a relação entre o sol e o câncer de pele, Renato Pazzini explica o que é verdade e o que é mito:

“O sol não é vilão, até porque ele é a principal fonte de vitamina D – 80% da formação dessa vitamina provém dos raios solares, principalmente do tipo B (UVB). No entanto, sem os devidos cuidados, o sol pode provocar queimaduras, envelhecimento precoce, acne, alergias, manchas, feridas e, claro, câncer de pele”, afirma o Dr. Renato Pazzini, dermatologista dos hospitais Albert Einstein e Oswaldo Cruz. Confira, então, os mitos e verdades sobre câncer de pele

Afinal, todo câncer de pele está associado ao sol?

Mito. De 5 a 10% dos casos de melanoma estão relacionados a fatores genéticos. Assim, o câncer de pele também pode ser causado por alterações em genes, hereditárias ou não, podendo atingir pessoas que produzem muita melanina. “No entanto, a exposição excessiva ao sol, e sem os devidos cuidados, ainda é o principal fator de risco para a doença”, alerta o dermatologista.

Para ter eficácia, o protetor solar precisa ser usado de forma correta

Verdade. O protetor solar age como um filtro sobre a pele, protegendo-a dos raios ultravioletas. No entanto, para que isso ocorra, é necessário que o produto seja usado corretamente.

O fator de proteção deve estar relacionado à necessidade de quem usa. Isto é, pessoas com peles mais claras precisam de uma proteção mais intensa. Mas, independentemente do tipo de pele, o FPS mínimo deve ser 30. Além disso, busque um protetor que ofereça filtro contra os raios UVB e UVA.

A aplicação deve ocorrer meia hora antes da exposição ao sol para que o produto seja absorvido pela pele, e é necessário reaplicar o protetor solar a cada três horas ou de duas em duas horas em casos de transpiração excessiva, exposição solar prolongada ou após molhar a pele. Também é necessário utilizar protetor labial com FPS.

Leia também: Câncer de pele: Prevenção começa na infância

O local e a hora de exposição solar influenciam no fator de risco

Verdade. Dependendo de onde você está, a radiação solar é mais forte, representando maior risco para a pele. Perto da água, por exemplo, além da radiação recebida diretamente do sol, 70% dos raios solares são refletidos. No fundo da água, os raios conseguem atingir cerca de 30 cm de profundidade. Já a areia reflete 20% da radiação solar. “Se você quer tomar sol com mais segurança, opte pela grama. No verde, o sol reflete muito pouco. Também evite a exposição ao sol entre 10h e 16h, quando a radiação é mais intensa”, aconselha Renato Pazzini.

Mitos e verdades: câncer de pele – Guarda-sol protege contra raios solares

Mito. Até debaixo dele, não se pode descuidar da proteção solar, pois a água do mar e a areia refletem a radiação solar, expondo a pele aos raios UV.

Bronzeadores com filtro solar também protegem a pele

Mito. A proteção oferecida por bronzeadores é baixa e insuficiente para filtrar a passagem de raios UVB e UVA. Além deste agravante, a aplicação do bronzeador feita por cima do protetor solar inibe a ação do produto. Dessa forma, em exposição ao sol não protegida, corre-se o risco de desenvolver câncer de pele do tipo basocelular e também melanoma.

Pessoas de pele mais clara têm mais chance de desenvolver a doença

Verdade. As pessoas de pele mais clara têm um risco maior de desenvolver câncer de pele por possuírem menos melanina na pele. Essa substância serve como um protetor solar natural e biológico, ou seja, as pessoas que possuem mais melanina apresentam um fator natural de proteção maior contra a radiação solar.

“Já as pessoas de pele mais clara não possuem essa proteção natural e acabam ficando mais expostas aos efeitos deletérios da radiação ultravioleta, sendo mais suscetíveis à melanose solar, ou seja, manchas escuras esparsas que ocorrem na face, no colo, no dorso das mãos e nos antebraços. Essas manchas têm significado importante, pois podem ser os primeiros sinais de um câncer de pele”, adverte Pazzini.

Mitos e verdades: câncer de pele – Dias nublados também requerem proteção solar

Verdade. Em dias nublados, com nuvens claras e baixas, a insolação é menor (em torno de 40%). Entretanto, a emissão de raios ultravioletas independe de o céu estar ou não ensolarado, exigindo o uso de filtro solar da mesma forma.

Somente regiões do corpo expostas ao sol podem ser afetadas

Mito. Áreas que não são expostas podem desenvolver câncer de pele porque existem tipos da doença que não possuem uma relação tão importante com o sol, mas que podem ter um peso genético maior. “Exemplo disso são cânceres de pele melanoma que aparecem em unhas, mãos, pés e em áreas genitais, que são locais cobertos”, ressalta Renato Pazzini.

Mitos e verdades: câncer de pele – Queimaduras podem evoluir para câncer de pele

Verdade. A queimadura solar, mesmo que intermitente (pessoas que não se expõem com frequência), é um fator de risco para alguns tipos de pele. Já as queimaduras cutâneas mais graves, de 2º ou 3º grau, provocadas por outros fatores, podem gerar futuramente um câncer não-melanoma, conhecido como “úlcera de marjolin”.

“Uma dica fundamental é jamais se expor ao sol com produtos que tenham ácido retinoico na formulação. Eles são fotossensibilizantes e antagonistas ao sol. Além de provocar hiperpigmentação na pele, você pode sofrer queimaduras”, afirma o dermatologista.

Excesso de exposição solar na infância aumenta a chance de câncer de pele no futuro

Verdade. Isso influencia tanto no desenvolvimento de câncer em idades mais avançadas quanto no envelhecimento da pele. O sol possui uma ação cumulativa no DNA das células, ou seja, os danos celulares provocados pela radiação ultravioleta solar vão se acumulando no DNA da célula e esses são responsáveis tanto pelo surgimento de cânceres como por um estresse oxidativo nas células, resultando no envelhecimento cutâneo.

“Daí a importância do cuidado com o excesso de sol desde sempre. Seja não se expondo muito, principalmente nos horários de pico, seja fazendo uso diário do protetor solar”, finaliza Renato Pazzini.

Fonte: Dr. Renato Pazzini, dermatologista dos Hospitais Albert Einstein e Oswaldo Cruz. Membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e Fellow em Dermatopatologia pelo Hospital Mount Sinai, em Nova York (EUA), e pelo Hospital Karolinska, em Estocolmo (Suécia).

Sobre o autor

Julia Moraes
Jornalista e repórter da Vitat. Especialista em fitness, saúde mental e emocional.

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