Minoxidil oral: vale a pena?
A queda de cabelo está entre os motivos mais frequentes de consultas com o dermatologista, seja em homens ou mulheres. Entre as causas mais frequentes está a alopecia androgenética, também conhecida como calvície. Um dos tratamentos mais utilizados para tratar a condição é o minoxidil em uso tópico, diretamente no couro cabeludo. Mas uma questão surgiu nas redes levantando os riscos e benefícios do minoxidil na versão oral. Entenda o que dizem os especialistas.
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Minoxidil oral: para que serve?
A Sociedade Brasileira de Dermatologia por meio de um posicionamento em seu site oficial esclareceu os principais pontos sobre o uso do minoxidil oral no tratamento de queda de cabelo. De acordo com a entidade, o medicamento foi originalmente indicado para tratar a pressão alta, mas observaram que também causava o aumento dos pelos no corpo. Por isso, nos últimos anos, seu uso em baixas dosagens vem sendo estudado para tratar a alopecia.
Além disso, a entidade se posiciona favorável ao uso do medicamento para pacientes selecionados no tratamento da calvície. Contudo, a SBD reforça que deve ser feita uma boa avaliação clínica e cardiológica antes de iniciar o tratamento. “O principal risco é o cardiológico, por isso pacientes cardíacos não podem usar”, destaca Fabiane Andrade Mulinari, coordenadora do Departamento de Cabelos e Unhas da SBD.
Sociedade Brasileira de Tricologia é contra o uso
A entidade, que é especializada no tratamento de questões relacionadas aos aspectos dos fios e do couro cabeludo é contra o uso do medicamento. Por meio de nota, a SBTri destaca que o uso do minoxidil oral é um perigo e que deve ser utilizado somente na cardiologia em casos selecionados. “O Loniten é um anti-hipertensivo muito potente, com indicações específicas. Como médico e tricologista, eu o contraindico, de forma absoluta”, diz Luciano Barsanti, médico tricologista e presidente da entidade.
Como funciona o medicamento?
De acordo com Ausonius Sawczuk, cardiologista do Hospital Albert Sabin, até o uso do medicamento na cardiologia é muito criterioso e restrito. “Ele é um vasodilatador, que promove a dilatação dos vasos arteriais. Utilizamos em alguns pacientes com hipertensão, mas por conta dos efeitos colaterais não o indicamos de forma rotineira na cardiologia para o controle da pressão arterial”, explica. “Na cardiologia, o seu uso é eventual e somente quando as demais drogas não surtiram efeito”, complementa.
Por conta desse efeito de vasodilatação, o crescimento de pelos acontece. A partir do seu uso em pacientes com hipertensão, que então chegaram a opção tópica por spray que hoje é muito utilizada na dermatologia. Mas seu uso oferece mais riscos e, por isso, é visto com cautela por cardiologistas.
Minoxidil oral pode causar queda de pressão
O especialista destaca que um dos principais eventos adversos é a queda da pressão arterial de forma importante, sem um controle tão bom quanto os demais anti-hipertensivos como o losartana, enalapril e atenolol. “Mesmo em doses mais baixas, o minoxidil oral pode levar a queda de pressão causando sintomas como tontura, mal estar e desmaios. Por isso, não a utilizamos como primeira opção na cardiologia”, faz o alerta.
O medicamento não está disponível nas farmácias e quando é necessário o seu uso o médico solicita a manipulação em farmácias especializadas. “O minoxidil oral estava no mercado até dois atrás indicado para pacientes com hipertensão, mas como do ponto de vista cardiológico existem medicamentos melhores, ele acabou saindo do mercado”, explica a coordenadora da SBD.
O cardiologista vê com preocupação o uso do medicamento e não o recomendaria em pacientes que já possuem alterações de pressão. “Eu não recomendaria o uso especialmente em pacientes hipertensos que querem tratar a calvície, por exemplo. Mesmo em quem não tem pressão alta, médico cardiologista deve acompanhar de perto o uso do minoxidil oral nos pacientes”, conta Ausonius.
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Outros efeitos colaterais
De acordo com um estudo realizado com mais de mil pacientes, entre homens e mulheres, publicado no Journal of the American Academy of Dermatology (JAAD) demonstrou que a medicação é segura. Além disso, os pacientes apresentaram poucos efeitos colaterais e apenas 1.7% deles descontinuaram o uso do medicamento por conta disso.
Entre os principais efeitos colaterais relatados foram:
- Hipertricose (excesso de pelos no corpo todo)
- Tontura
- Retenção de líquidos
- Dor de cabeça
- Taquicardia
- Insônia
- Inchaço nos olhos
Contudo, o medicamento Loniten, da Pfizer, que não está mais disponível no Brasil, em sua bula aponta os principais efeitos colaterais, que são transtornos cardíacos:
- Taquicardia
- Pericardite
- Derrame pericárdico
- Tamponamento cardíaco