Minoxidil: Anvisa contraindica medicamento para queda de cabelo

Beleza Saúde
04 de Outubro, 2022
Minoxidil: Anvisa contraindica medicamento para queda de cabelo

Recentemente, o jornal The New York Times publicou um artigo ponderando sobre o medicamento Loniten, receitado e comercializado em forma de comprimidos para o tratamento da alopecia. No entanto, o remédio, também chamado de Minoxidil, é contraindicado pela agência reguladora dos Estados Unidos, a FDA. No Brasil, o produto tem sido livremente receitado, apesar de também contraindicado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A base da controvérsia está relacionada ao fato de o princípio ativo do Loniten (Minoxidil) ser indicado para o tratamento da hipertensão arterial e, desta forma, poder causar efeitos adversos importantes no paciente. Entenda.

Leia mais: Quem tem alopecia areata pode fazer transplante capilar?

Entidades se manifestam contra o uso do Minoxidil

Recentemente, a Sociedade Brasileira de Tricologia (SBTri) manifestou-se contrária ao uso do medicamento Loniten em comprimidos para tratamento de dois tipos de doenças que causam a queda de cabelo:

  • Alopecia androgenética, isto é, decorrente de carga genética herdada;
  • Alopecia areata, ou seja, a perda de pelos em regiões ovais do couro cabeludo, ou em outras partes do corpo, como cílios, sobrancelhas e barba.

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) também emitiu uma nota com observações sobre a segurança e a eficácia do Minoxidil oral no tratamento das alopecias. A entidade informa que o medicamento pode ser receitado para alguns pacientes com alopecia e que o uso deve ser criterioso, isolado ou associado a outras abordagens, mas sempre com indicação médica.

“Avaliação clínica e cardiológica do paciente pode ser necessária previamente ao seu uso. No cumprimento de seu papel, o médico dermatologista fará a indicação, a prescrição e o acompanhamento do tratamento”, informa a nota, assim como que “o medicamento Loniten não está disponível comercialmente no Brasil, sendo que a manipulação do Minoxidil oral é controlada por receituário médico”.

Mas afinal, como tratar a alopecia?

Segundo o Dr. Cassiano Tamura Vieira Gomes, dermatologista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), o tratamento das alopecias é de longo prazo e pode durar alguns anos. “Por isso, deve-se ter muito critério na escolha dos medicamentos que serão indicados para cada paciente.”

Sobre o Minoxidil ministrado por via oral, ele diz se tratar de uma opção, “mas não a primeira”, uma vez que existem outras alternativas. “A indicação deve ser individualizada, ou seja, cada caso é um caso”, reforça.

Como funciona o medicamento?

Ainda de acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologiao Minoxidil foi originalmente criado para tratar a pressão alta. No entanto, ao longo do tempo, observou-se outro sintoma: o desenvolvimento de pelos no corpo. Por isso, nos últimos anos, seu uso em baixas dosagens vem sendo estudado para tratar a alopecia. 

Contudo, a SBD reforça que deve ser feita uma boa avaliação clínica e cardiológica antes de iniciar o tratamento. “O principal risco é o cardiológico, por isso pacientes cardíacos não podem usar”, destaca Fabiane Andrade Mulinari, coordenadora do Departamento de Cabelos e Unhas da SBD.

No entanto, em entrevista anterior à Vitat, Ausonius Sawczuk, cardiologista do Hospital Albert Sabin, explicou que o uso do medicamento na cardiologia é muito criterioso e restrito. “Ele é um vasodilatador, que promove a dilatação dos vasos arteriais. Utilizamos em alguns pacientes com hipertensão, mas por conta dos efeitos colaterais não o indicamos de forma rotineira na cardiologia para o controle da pressão arterial”, explica. “Na cardiologia, o seu uso é eventual e somente quando as demais drogas não surtiram efeito”, complementa.

Por conta desse efeito de vasodilatação, o crescimento de pelos acontece. Mas seu uso oferece mais riscos e, por isso, é visto com cautela por cardiologistas.

Minoxidil oral pode causar queda de pressão

O especialista destaca que um dos principais eventos adversos é a queda da pressão arterial de forma importante, sem um controle tão bom quanto os demais anti-hipertensivos como o losartana, enalapril e atenolol. “Mesmo em doses mais baixas, o minoxidil oral pode levar a queda de pressão causando sintomas como tontura, mal estar e desmaios. Por isso, não a utilizamos como primeira opção na cardiologia”, faz o alerta.

O medicamento não está disponível nas farmácias e quando é necessário o seu uso o médico solicita a manipulação em farmácias especializadas. “O minoxidil oral estava no mercado até dois atrás indicado para pacientes com hipertensão, mas como do ponto de vista cardiológico existem medicamentos melhores, ele acabou saindo do mercado”, explica a coordenadora da SBD.

O cardiologista vê com preocupação o uso do medicamento e não o recomendaria em pacientes que já possuem alterações de pressão. “Eu não recomendaria o uso especialmente em pacientes hipertensos que querem tratar a calvície, por exemplo. Mesmo em quem não tem pressão alta, omédico cardiologista deve acompanhar de perto o uso do minoxidil oral nos pacientes”, conta Ausonius.

Leia também: Queda de cabelo: principais causas e o que funciona para prevenir e tratar

Outros efeitos colaterais

De acordo com um estudo realizado com mais de mil pacientes, entre homens e mulheres, publicado no Journal of the American Academy of Dermatology (JAAD) demonstrou que a medicação é segura. Além disso, os pacientes apresentaram poucos efeitos colaterais e apenas 1.7% deles descontinuaram o uso do medicamento por conta disso. 

Entre os principais efeitos colaterais relatados foram:

  • Hipertricose (excesso de pelos no corpo todo) 
  • Tontura
  • Retenção de líquidos 
  • Dor de cabeça 
  • Taquicardia 
  • Insônia 
  • Inchaço nos olhos 

Contudo, o medicamento Loniten, da Pfizer, que não está mais disponível no Brasil, em sua bula aponta os principais efeitos colaterais, que são transtornos cardíacos

  • Taquicardia 
  • Pericardite 
  • Derrame pericárdico
  • Tamponamento cardíaco

Leia mais: O que é calvície? Conheça as causas, tratamento e tudo sobre a condição

Fontes: Dr. Cassiano Tamura Vieira Gomes, dermatologista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e chefe do serviço de dermatologia da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde (FCMS) da PUC-SP.

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