Fraqueza muscular, que costuma piorar com o passar do tempo e atingir qualquer músculo, inclusive os responsáveis pela nossa deglutição e respiração. Essa é a principal característica da miastenia gravis, cujo diagnóstico pode ser complexo e envolver uma série de especialistas.
A seguir, conheça o quadro e as alternativas de tratamento disponíveis para quem convive com a condição.
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Trata-se de uma doença autoimune, que prejudica a capacidade dos músculos responderem de aos impulsos nervosos.
Como toda característica de uma enfermidade autoimune, o organismo considera alguma parte do corpo uma ameaça e a ataca.
No caso da miastenia gravis, o sistema imunológico do corpo danifica os receptores de acetilcolina nas células nervosas. Como resultado, esse “erro da imunidade” impede a comunicação correta entre impulsos nervosos e os músculos.
Como falamos no comecinho deste conteúdo, a miastenia gravis provoca fraqueza muscular progressiva. Nos estágios iniciais, ela se manifesta em músculos menores, como os do rosto, pescoço e garganta.
Com o passar do tempo, as crises atingem grupos musculares maiores, e pode enfraquecê-los por alguns dias ou ser permanente. Já a intensidade da fraqueza pode ser leve ou severa — o cenário irá depender do nível de degradação dos receptores de acetilcolina.
A ineficiência muscular se reflete em alguns sintomas que merecem atenção. Por exemplo:
A identificação da miastenia gravis envolve uma avaliação clínica cuidadosa, exames físicos e testes laboratoriais e neurológicos.
Contudo, é importante começar com uma revisão do histórico médico do paciente e seus sintomas, bem como um exame físico completo para avaliar o grau e a distribuição da fraqueza muscular.
Alguns dos exames que podem fazer parte do diagnóstico são:
Com a lista de exames acima, é possível ter uma ideia de como a descoberta da doença pode trilhar uma longa jornada. Além disso, o trabalho multidisciplinar — ou seja, com diversos especialistas — pode ser a chave para o diagnóstico.
Geralmente, os médicos que participam desses cuidados são neurologista, oftalmologista, pneumologista e reumatologista. Contudo, nem todos são essenciais para identificar o quadro, pois dependem dos sintomas de cada indivíduo.
Embora não haja cura para a miastenia gravis, existem cuidados que permitem a melhora da qualidade de vida para que, assim, a pessoa consiga viver bem.
Por exemplo, os medicamentos imunossupressores, como corticosteroides e imunoglobulina intravenosa (IVIG), são usados para reduzir a atividade do sistema imunológico e minimizar a destruição dos receptores de acetilcolina.
A terapia de plasmaférese, que envolve a remoção do plasma do sangue e o substitui por um plasma de doador saudável, pode ajudar a reduzir os anticorpos nocivos.
No entanto, em casos graves, o médico pode optar pela cirurgia de remoção do timo, um órgão localizado no tórax responsável pela produção de anticorpos.
Por fim, existem hábitos que dependem exclusivamente de quem convive com o problema. Levar uma vida saudável, com alimentação equilibrada, exercícios regulares e controle do estresse são práticas benéficas para controlar os sintomas.
Sobretudo a atividade física, pois estimula o trabalho dos músculos e previne crises intensas de fraqueza.
É importante ressaltar que as medidas são por toda a vida, assim como os exames de rotina. Então, pessoas com miastenia gravis precisam repetir certos testes a cada três meses para observar os níveis de anticorpos e a resposta muscular.
A ocorrência da miastenia gravis no Brasil não possui dados específicos. Todavia estima-se que tenha de três a 30 casos por milhão de habitantes.
Outro dado interessante é que a doença pode surgir em pessoas de todas as idades, incluindo crianças e idosos, sendo mais comum em mulheres do que em homens.
De acordo com o Ministério da Saúde, a enfermidade tem mais chances de se manifestar em mulheres na fase fértil da vida. Entre as gestantes, os sintomas podem ser mais severos e comprometer a saúde da futura mãe. Inclusive, o quadro é capaz de descartar a possibilidade de um parto normal.
Portanto, as mulheres com o diagnóstico que pretendem ter filhos precisam comunicar o desejo aos médicos. Dessa forma, o tratamento segue com as devidas adaptações, a fim de evitar o inconveniente das crises exacerbadas.
Referências: Ministério da Saúde; MSD Manuals; Mayo Clinic; e Miasthenya Gravis Foundation of America.