Método Montessori: criança deve ajudar nas tarefas domésticas?

Bem-estar Casa Equilíbrio
01 de Julho, 2022
Método Montessori: criança deve ajudar nas tarefas domésticas?

O modelo tradicional de ensino tem como prerrogativa a participação ativa de adultos no que diz respeito ao processo de aprendizagem e desenvolvimento das crianças. Além disso, os conceitos de obediência e hierarquia costumam estar bastante presentes, seja na relação professor X aluno ou pais X filho. O método Montessori, por outro lado, busca oferecer mais liberdade para a criança explorar novas habilidades e começar a se conectar com o mundo. 

“O principal objetivo do método Montessori é preparar a criança para a vida. Assim, a ideia é formar um ser humano completo, independente e autônomo, enfatizando que aprender não se separa de existir”. Gisele Saint Clair é consultora e guia AMS (Sociedade Americana Montessori). Mãe de Ben e Bea, é defensora do método e entende que, por meio dele, as crianças crescem confiantes. Assim, tornam-se adultos mais produtivos, colaborativos e sociáveis.

As escolas

O método Montessori ganhou tal nome por conta de sua criadora, Maria Montessori. Ela escreveu um livro chamado Pedagogia Científica, que viria a ser intitulado de A descoberta da criança algum tempo depois. A produção se deu após Maria observar crianças de diferentes idades em ambientes nos quais elas poderiam realizar atividades espontâneas. 

“Diferentemente do ensino tradicional, que separa as matérias a serem estudadas e as crianças ficam sentadas em carteiras ouvindo passivamente as explicações dos professores, no método Montessori, a criança é o centro da atenção”, explica Gisele.

Assim, as escolas que adotam o método Montessori, conhecidas como casa das crianças, contam com móveis adaptados e planejados para o tamanho delas. Também oferecem materiais pedagógicos diferentes daqueles vistos nas escolas tradicionais. Além disso, não existem professores. Os colaboradores são chamados de guias. “Eles seguem os interesses da criança, direcionando- as conforme o necessário, porém deixando-as livres para circularem no ambiente e escolherem as atividades que lhes atraem”, completa.

De acordo com Gisele, os pré-requisitos para aplicar o método Montessori são: ambiente preparado, adulto preparado e um agrupamento de crianças com idades variadas. Nas escolas, elas costumam ser divididas de 0 a 3 anos, 3 a 6, 6 a 12 e 12 a 18 anos.

Além das matérias clássicas, como: matemática, ciências e linguagens, as salas de aula montessorianas contam com materiais de ensino voltados para práticas do dia a dia. Materiais de limpeza, utensílios de cozinha, itens de autocuidado fazem parte desse segmento e “permitem às crianças aprenderem a cuidar de si, do outro e do ambiente”.

Método Montessori em casa

Apesar de ter nascido dentro das escolas, o método se expandiu e ganhou espaço para fora das salas de aula. As famílias começaram a perceber a possibilidade de adotar os fundamentos defendidos por Maria Montessori dentro de casa.

“Alguns de seus princípios fundamentais, como disciplina positiva, liberdade de escolha, de movimento, ambiente e adulto preparados, podem ser adotados em casa”, pontua Gisele.

Recentemente, um estudo publicado na revista acadêmica Australian Occupational Therapy descobriu que realizar tarefas domésticas desde cedo ajuda as crianças a desenvolverem mais autonomia e melhoram o desenvolvimento cognitivo infantil.

Os pesquisadores analisaram famílias de 207 crianças entre cinco e 13 anos. Os pais responderam a questões acerca do nível e da frequência de participação dos pequenos em atividades domésticas. Por fim, os líderes do estudo perceberam que as crianças que ajudavam nos afazeres de casa possuíam uma melhor memória de trabalho e conseguiam pensar mais antes de agir.

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Atividades domésticas

A consultora e guia AMS ressalta a diferença entre o que motiva os pais a fazerem atividades domésticas do que motiva os filhos pequenos. Segundo ela, “o adulto realiza uma tarefa doméstica com o objetivo final de ver aquele trabalho completo, como lavar a louça para que ela fique limpa. Já a criança está interessada no processo em si. Como espremer a esponja para ver o sabão se formar, manusear um prato para sentir a sua forma e peso, ver a água caindo na pia para ouvir o barulho que faz, etc”.

Justamente por não ter essa finalidade tão funcional e prática, a atividade doméstica é uma forma de aprendizado muito estimulante para as crianças, de acordo com o método Montessori. “Através dessas atividades, a criança aprende a se concentrar. Assim, a concentração, aliada à repetição, levará ao aprimoramento psicomotor e ao refinamento dos seus sentidos, qualidades fundamentais para o desenvolvimento da autonomia”, declara.

E os limites no método Montessori?

O método Montessori não endossa uma educação sem regras e limites. A ideia é oferecer espaço para a criança errar e acertar, com uma menor interferência dos adultos. Mas, de qualquer forma, a presença dos pais e guias é essencial. Afinal, eles são os responsáveis por criar uma ambiente adequado e oferecer as ferramentas necessárias para a criança se desenvolver e construir a sua autonomia.

“Com uma forte base emocional, comportamental e moral, as crianças tornam-se alunos motivados, ativos e independentes, preparados para o mundo real”, afirma.

Além disso, Gisele entende que os limites são essenciais, mas que as crianças possuem atributos singulares passíveis de serem encorajados. De acordo com ela, “Maria Montessori verificou que a criança tem um ‘guia interior’ e um amor nato por aprender. Isso a leva instintivamente para onde ela precisa para se desenvolver, desde que o ambiente esteja preparado”, finaliza.

Fonte: Gisele Saint Clair, consultora e guia AMS (Sociedade Americana Montessori)

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