Leucemia em crianças: SUS aprova o uso de novo medicamento
O SUS incorporou um novo medicamento para o tratamento de leucemia em crianças: o blinatumomabe, um imunoterápico para tratar leucemia linfoblástica B (LLA B). De acordo com o Ministério da Saúde, ele apresentou resultados mais eficazes que a quimioterapia enquanto os pacientes aguardam por um transplante de medula óssea.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec), vinculada ao Ministério da Saúde, aprovou o medicamento para o tratamento da doença em pacientes de até 18 anos (19 incompletos) que sofreram recidiva da leucemia, ou seja, quando ela reaparece.
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Como funciona o novo tratamento do SUS para tratar leucemia em crianças?
Para passar pelo transplante de medula óssea, um procedimento que pode levar à cura da leucemia, pacientes com LLA B precisam entrar em remissão, ou seja, “zerar” a doença. Enquanto a quimioterapia apresenta uma taxa de sucesso de 54%, o imunoterápico elevou a chance para aproximadamente 90%.
“O medicamento possibilita que esses pacientes possam realizar o transplante que não aconteceria em outro cenário”, diz o oncologista Neviçolino Pereira de Carvalho Filho, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica.
Como funciona?
O medicamento, que já é usado amplamente no exterior, é um anticorpo monoclonal. Ou seja, que age estimulando o sistema imunológico. Assim, ele se liga tanto às células cancerosas quanto aos linfócitos T, facilitando o trabalho de reconhecer e destruir o tumor. Além disso, a droga também tem menos efeitos colaterais que a quimioterapia.
“Vamos poder oferecer para os pacientes pediátricos um tratamento extremamente avançado e eficiente para essa condição na recidiva”, diz o hematologista Fabio Pires de Souza Santos, do Hospital Israelita Albert Einstein.
Novos estudos também já vêm demonstrando bons resultados do blinatumomabe. Um deles testou o medicamento associado à quimioterapia em crianças que tinham um tipo muito agressivo de LLA. Como resultado, constatou um aumento da sobrevida nesses pacientes.
“No Brasil, ele já é usado no setor privado. Além disso, instituições públicas já vinham usando graças a parcerias com Organizações Não Governamentais (ONGs)”, afirma Carvalho Filho.
A LLA é o tipo mais comum de câncer pediátrico e tem altas chances de cura, mas exige um tratamento agressivo e rápido. Ela ocorre quando há uma mutação nos linfócitos, um tipo de glóbulo branco, que não amadurecem corretamente dando origem a uma célula anômala, chamada blastos leucêmicos. Essas células se multiplicam rapidamente e se acumulam na medula óssea, prejudicando o desenvolvimento das células saudáveis. Alguns dos sintomas são aumento dos gânglios, hematomas pelo corpo, sangramentos nas gengivas e no nariz, entre outros.
Fonte: Agência Einstein.