A influência do bullying nos ataques às escolas

Bem-estar Equilíbrio
06 de Abril, 2023
A influência do bullying nos ataques às escolas

As últimas tragédias envolvendo crianças em escolas levantam o questionamento sobre os reais motivos dos ataques. Não à toa, o ataque a uma creche em Blumenau na última quarta-feira causou comoção e indignação pela violência e vulnerabilidade das crianças. Nesse contexto, a influência do bullying é uma peça essencial para compreender a onda de ataques.

Não é de hoje que se fala sobre a influência do bullying em diversas esferas da sociedade. De acordo com um relatório da UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância, cerca de 150 milhões de adolescentes sofrem bullying nas escolas, o que faz com que esses jovens sejam marginalizados e sejam mais propensos a sofrer de solidão

Apesar do comportamento agressivo ainda ser constantemente minimizado, o bullying pode ser um dos fatores que contribuem para o aumento dos ataques às escolas. Continue lendo e entenda.

Veja também: Bullying: impactos na saúde mental de quem usa óculos

A influência do bullying nos ataques às escolas

De acordo com um levantamento da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), só nos últimos 21 anos, foram registrados cerca de 23 ataques violentos no Brasil. O motivo para essa onda de violência pode estar relacionado ao crescimento dos problemas de saúde mental que afetam jovens e crianças. Pesquisas demonstram que a depressão, a ansiedade e outros transtornos mentais estão se tornando cada vez mais comuns e são condições que podem ter os primeiros sintomas ainda na fase infantil.  

Nesse cenário, é necessário entender o bullying como um dos fatores que motivam o desenvolvimento de problemas mentais, considerando o estresse causado no ambiente de aprendizagem. De acordo com a psicóloga cognitivo comportamental, Rejane Sbrissa, o termo bullying significa intimidação, contudo, o seu real significado vai muito além disso. “Trata-se de maus tratos, psicológicos, emocionais, verbais e físicos que são produzidos entre as pessoas de qualquer idade. Esse comportamento causa sequelas psicológicas e comportamentais”, afirma. 

Estresse causado pelo ambiente educacional

Especificamente o bullying na infância traz consequências por toda a vida, já que a criança pode ter a sua saúde emocional fortemente abalada ao sofrer abusos psíquicos dos quais ela ainda não consegue lidar. Nesse sentido, a escola se fortalece como um ambiente potencialmente violento com episódios de rejeição, professores ameaçadores, xingamentos e humilhação por parte dos colegas por conta de algum comportamento ou característica física e agressão sexual. 

Através desse estresse causado dentro do ambiente das escolas, as crianças crescem com as suas relações sociais afetadas e com dificuldades em perceber a sua própria identidade das crianças. Assim, em alguns casos, cultivando comportamentos agressivos, de revolta e revanche. 

As consequências para as vítimas podem ser devastadoras e provocar isolamento social, queda da auto estima, depressão, transtorno de ansiedade, síndrome do pânico e outros distúrbios psíquicos. Além disso, segundo a psicóloga, todos esses fatores dificultam as relações pessoais da criança e podem desencadear mentalidades que não aceitam desigualdades, diversidades culturais, econômicas e físicas, o que pode gerar agressividade preconceituosa. 

Outras motivações 

O bullying não é responsável por todos os ataques. Outras motivações podem envolver porte de armas, ideologias extremistas, conteúdo criminoso na internet, exposição à detalhes de crimes e idolatria a personalidades criminosas de destaque. Contudo, o trauma mental causado pelo bullying tem sido um dos fatores apontados para a real motivação dos crimes. 

Como combater a influência do bullying na escola

Para combater o bullying é necessário trazer a conscientização para dentro das escolas e investir em uma cultura de respeito. Além disso, a criação de políticas que possam proteger as vítimas de bullying é fundamental para criar um ambiente positivo. 

Dessa forma, para situações que já são recorrentes, o ideal é que tanto o autor da prática quanto a vítima façam tratamento psicológico.

Por fim, um dos pontos mais importantes é o apoio dos pais. Isso porque a privação de cuidados, empatia, orientação e privação podem acarretar consequências agressivas e tóxicas durante a infância, adolescência e na fase adulta.

Fonte: Rejane Sbrissa, psicóloga cognitivo comportamental.

Referência: Instituto de Psicologia da USP.

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