Hormônios bioidênticos: especialista alerta sobre a prescrição do produto
Se você viu nas redes sociais ou foi ao médico e recebeu uma receita de hormônios bioidênticos, eis um alerta importante. Embora a prescrição seja uma prática comum por endocrinologistas, alguns profissionais vendem a substância como algo promissor para lucrar.
“Os hormônios bioidênticos são substâncias com a mesma estrutura molecular e química dos hormônios produzidos pelo nosso organismo”, explica Felipe Henning Gaia Duarte, presidente da SBEM-SP.
No entanto, de acordo com o especialista, existe o falso argumento de que os hormônios bioidênticos são naturais e que ajudam a rejuvenescer.
“Além disso, as pessoas são levadas a acreditar que existem somente manipulados. Estão usando esta nomenclatura para fins comerciais. Isso é muito perigoso para a saúde e, infelizmente, esse mau uso tem sido amplamente propagado nas mídias sociais”, lamenta o endocrinologista.
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Afinal, para que servem os hormônios bioidênticos?
Os hormônios, quer sejam bioidênticos ou não, servem para repor algum hormônio deficiente por causa de uma disfunção ou doença.
Em alguns casos, a molécula do hormônio precisa sofrer alterações, pois se for administrada “bioidêntica” por via oral, ela não seria absorvida pelo intestino, dada a ação dos sucos gástricos.
De modo semelhante, outros hormônios precisam ser levemente modificados. Dessa forma, após a administração intramuscular, eles conseguem durar por vários dias ou semanas, reduzindo a necessidade de injeções diárias.
Em contrapartida, se certo hormônio é estável e o organismo consegue absorver via oral, ele pode ser prescrita idêntico ao do corpo humano.
“É o caso de hormônios tireoidianos para quem tem hipotireoidismo. Por exemplo: eles são (bio) idênticos ao que nosso organismo produz. Quando a tireoide não produz hormônio suficiente, então o endocrinologista avalia o paciente e prescreve o hormônio”, esclarece o dr. Felipe.
O mesmo acontece com outros hormônios como o GH, alguns sexuais, o cortisol e assim por diante.
Não caia no golpe do medicamento manipulado
“Esses ditos ‘médicos’ que circulam nas redes sociais se apropriaram do termo bioidêntico para taxar substâncias como ‘naturais’ e as prescrevem para manipulação. As partículas de hormônios são muito precisas, e na manipulação, em alguns casos, não é possível atingir tal precisão. E pior: na maioria das vezes as pessoas que recorrem a estes ‘médicos’ sequer precisam repor qualquer hormônio”, conta o endocrinologista.
Bioidênticos para rejuvenescer?
Além da apropriação do nome como sinônimo de natural para mascarar a intenção comercial, a venda dessas substâncias costuma vir com promessas de rejuvenescimento, energia e vitalidade, o que não possui comprovação científica. Portanto, os efeitos colaterais podem ser os mais diversos.
“Um hormônio só deve ser indicado quando há deficiência. Para isso, não basta fazer um exame de sangue ou de saliva, é necessária toda uma avaliação da história clínica do paciente, associada a exames de imagem”, orienta o presidente da SBEM-SP.
“A reposição precisa da indicação de um especialista em endocrinologia e metabolismo. De preferência utilizando hormônios em caixa, com extensa informação sobre o produto, e a marca do laboratório aprovado pela Anvisa, salvo raríssimas exceções”, finaliza o médico.