Histerossalpingografia: o exame que investiga infertilidade
O exame de histerossalpingografia ou HSG apesar de ter um nome bem complicado, nada mais é do que um exame de imagem (raio-x) ginecológico que avalia como está o sistema reprodutor feminino – útero e trompas. Além disso, o médico solicita esse exame para avaliar todo trajeto percorrido pelo espermatozoide até a trompa de falópio, local onde é feita a fecundação do óvulo.
Exame histerossalpingografia: como é feito
De acordo com o ginecologista especialista em reprodução humana Dr. Fernando Prado, a histerossalpingografia é um exame de raio-x do útero e das tubas uterinas feito com contraste. O exame de HSG é feito em laboratórios de diagnósticos com a paciente acordada, não é necessário jejum e dura em torno de 30 minutos. É dividido em etapas:
- A paciente deita-se em posição ginecológica
- Dilatação do colo do útero para permitir a introdução do cateter
- Introdução de uma cânula ou cateter (fino e delicado)acoplado a uma seringa para que seja injetada a substância de contraste de iodo
- Execução e obtenção das imagens por meio do raio-x para visualização detalhada das estruturas contendo o contraste
- Um cateter é inserido no colo do útero, via vaginal, mas a sensação é de estar sendo realizado um exame ginecológico, tipo coleta de exame preventivo (Papanicolau)
- Depois, o médico faz uma série de radiografias
- Não há necessidade de sedação ou internação
“O contraste iodado faz o mesmo trajeto que os espermatozoides fariam durante uma tentativa de uma gravidez natural. Então, com a revelação do raio-x nas chapas, é possível saber se nesse caminho existe alguma alteração, obstáculo ou obstrução que o espermatozoide teria dificuldade de ultrapassar para encontrar o óvulo, fertilizá-lo e formar os embriões”, explica o médico.
“E a histerossalpingografia dói?”: é a pergunta que toda mulher submetida ao exame costuma fazer. De acordo com o especialista, no entanto, o exame não causa dor ou desconforto caso seja feito da maneira correta e com rigor técnico. “O importante é não usar um cateter de metal e nem pinça para beliscar o colo do útero. E o ideal é aquecer o contraste para que a paciente não tenha contração muscular, o que causa dor”, explica Dr. Fernando Prado.
Por que fazer histerossalpingografia
De acordo com os especialistas, a histerossalpingografia é solicitada quando está sendo feita uma investigação da infertilidade conjugal, quando há suspeita de que exista alguma coisa dentro da cavidade uterina, ou nas tubas uterinas, que possa atrapalhar uma gravidez natural. Além disso, esse é um exame que pode ser utilizado para fazer um diagnóstico de alterações dentro do útero, mesmo quando a mulher não quer engravidar. Isso porque o procedimento consegue mostrar algumas imagens que podem corresponder a miomas ou pólipos.
Os médicos solicitam o exame de histerossalpingografia em diversas situações. Algumas delas são:
- Dificuldade para engravidar
- Doenças no útero e nas trompas
- Endometriose
- Má-formação do sistema reprodutor
- Miomas
- Síndrome de Asherman
- Inflamação pélvica na região das trompas e aderências pélvicas
“O exame também serve para verificar uma eventual alteração nas trompas que são compatíveis com algumas doenças, como endometriose ou uma sequela de doença inflamatória pélvica”, completa o ginecologista.
Preparo para o exame
Não é necessário estar em jejum para realizar o procedimento. O único pedido que os médicos fazem é um preparo de intestino no dia anterior, usando algum laxante leve, ou mesmo uma dieta mais laxativa, para que gases e fezes não atrapalhem na interpretação das imagens do raio-X.
Há contraindicação para a histerossalpingografia?
Sim! Apesar de ser um exame rápido e comum, há alguns casos em que ele é contraindicado. Contudo, o exame não pode ser feito quando:
- A mulher está grávida (risco de má-formação ao bebê e aborto)
- Infecções pélvicas (o contraste pode deslocar as bactérias para outros locais do organismo)
- Alergia ao iodo usado no contraste
- Período menstrual;
- Após cirurgia recente para retirada de pólipos ou miomas uterinos
Há um período correto para realizar o exame ?
Sim! O ideal é que o exame seja feito entre os dias seis e doze do ciclo menstrual, antecedendo o período ovulatório. Para as pacientes que não ovulam, a HSG pode ser feita em qualquer fase, mas a hipótese de gravidez deve ser totalmente excluída – é solicitado o teste de gravidez.
Como é o pós-exame?
A mulher pode apresentar cólicas leves, ou mesmo náuseas, porém pode ser feito o uso de medicamentos anti-inflamatórios, analgésicos ou antieméticos para alívio dos sintomas, que na maioria das vezes são leves e não impossibilitam a paciente de voltar às suas atividades do dia a dia.
Além disso, é preciso aguardar 24 horas para ter relações sexuais por conta da sensibilidade. E caso haja a presença de pequenos sangramentos os médicos recomendam que se evite relações sexuais até que eles cessem.
Quais os riscos e benefícios do exame de histerossalpingografia?
Benefício: O benefício de fazer o exame de HSG é conseguir identificar a origem do problema de infertilidade ou doença, ou anormalidade do sistema reprodutor. O procedimento pode, em algumas ocasiões, aumentar as taxas de gravidez espontâneas.
Risco: Já o risco do procedimento é praticamente nulo desde que seguidas todas as orientações médicas e a paciente não esconder do médico informações valiosas, como: se toma medicação, se tem alergia ao contraste iodado e se está gestante.
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Fonte: Fernando Prado Ferreira, ginecologista e especialista em reprodução humana e Paulo Tudech Salgueiro, médico e especialista em reprodução humana da Clínica Medicina da Mulher, em São Paulo.