Hanseníase: o que é a doença que começa silenciosa e deixa sequelas
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é um dos países com maior número de casos de hanseníase, “perdendo” apenas para a Índia. Entre 2016 e 2020, a doença fez 150 mil vítimas. Embora seja uma enfermidade tratável, a hanseníase ainda causa inúmeras sequelas nos indivíduos, justamente pela falta de informação e preconceito.
Afinal, em um passado não muito distante, ela era conhecida como “lepra”, e gerou muita discriminação sobre quem contraía a doença.
Como resultado, diversas pessoas foram isoladas da sociedade e vistas com desprezo. A seguir, confira os sintomas, causas e a importância de buscar tratamento médico.
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O que é e quais são as causas da hanseníase?
A hanseníase é uma doença bacteriana, causada pela Mycobacterium leprae, que afeta os nervos, sobretudo mãos e pés. Já a transmissão se dá pela exposição prolongada a tosses ou espirros de pessoas infectadas com alta carga bacteriana.
A princípio, a contaminação vem de indivíduos que não estão tratando a doença. Do contrário, quem está sob cuidados médicos propagam menos a hanseníase — eis um dos motivos para conhecer o quadro e aderir ao tratamento.
Sintomas
No começo a hanseníase costuma ser silenciosa, pois possui uma fase prolongada de incubação, que dura de dois a sete anos. Então, o diagnóstico precoce pode ser difícil nesse estágio, pois os sintomas iniciais costumam ser inespecíficos.
Por exemplo, olhos ressecados, manchas na pele (brancas, vermelhas ou acastanhadas), perda de pelo em algumas áreas, diminuição da transpiração, dor e mal estar geral. Com estes sinais, o indivíduo pode conviver com o desconforto sem notar que se trata de uma doença grave.
Ao longo do tempo, os sintomas evoluem para:
- Lesões na pele e perda de sensibilidade na área acometida.
- Formigamento nas mãos e nos pés.
- Redução da força muscular.
- Sangramento de mucosas, como o nariz.
“Com o passar dos anos, os nervos sofrem lesões mais graves, gerando deformidades, incapacidade física e até cegueira. Porém, quando o diagnóstico é realizado nas fases iniciais, o tratamento leva à cura definitiva, sem sequelas para o paciente”, explica Gisele Abud, médica e diretora Técnica da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24h Zona Leste, em Santos (SP).
Como diagnosticar a hanseníase?
A descoberta da condição ocorre por meio de testes clínicos. Por exemplo, a avaliação da capacidade do paciente de reagir ao calor ou ao frio em determinada área da pele onde se suspeita a ação da bactéria.
Contudo, o diagnóstico clínico serve de triagem para a realização de exames laboratoriais. Entre eles, o PCR para hanseníase e a baciloscopia do raspado intradérmico, que identificam a presença de bacilos.
Tratamento
Segundo o Ministério da Saúde, o tratamento da hanseníase envolve o uso de antibióticos. O medicamento é essencial para barrar a transmissão da doença, principalmente nos estágios iniciais.
O profissional de saúde aplica a primeira dose mensal. No entanto, as demais são autoadministradas. De forma geral, quando o paciente realiza os cuidados corretamente, a hanseníase se cura em até 12 meses.
Além disso, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece o tratamento, assim como o acompanhamento nas unidades básicas de saúde e hospitais.
“É importante deixar claro também que não é necessário isolar a pessoa com hanseníase, como era feito no passado. Somente com informação e conscientização, poderemos vencer os estigmas e preconceitos na nossa sociedade”, finaliza Gisele Abud.