Hábitos simples que ajudam a monitorar a pressão
:format(webpp))
A pressão arterial elevada é um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares, como infarto e AVC.
De acordo com a Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial (2025), a hipertensão atinge cerca de 27% a 36% da população adulta brasileira.
Mesmo quem faz uso de medicamentos recomendados para ajuste da pressão arterial deve adotar hábitos de vida saudáveis, que potencializam o tratamento e ajudam a manter a pressão dentro das metas recomendadas.
Confira abaixo os principais hábitos para você cultivar e proteger a saúde do seu coração.
1. Reduza o consumo de sal e ultraprocessados
O excesso de sal é um dos fatores que mais contribuem para o aumento da pressão arterial. As Sociedades Brasileiras de Cardiologia, Hipertensão e Nefrologia, orientam que o consumo de sódio seja reduzido.
Tanto para pessoas saudáveis, como para pessoas com pré-hipertensão ou hipertensão arterial, recomenda-se a restrição de sódio para no máximo 2g/dia, o que corresponde a 5 g de sal de cozinha ou 1 colher de chá/dia.
Evite alimentos ultraprocessados e repletos de sal, gordura e conservantes, como:
- salgadinhos de pacote e biscoitos recheados
- refrigerantes e bebidas alcoólicas
- embutidos (peito de peru, mortadela, salsicha)
- refeições prontas (macarrão instantâneo, lasanha e pizza congelada)
Também é importante evitar o uso de temperos prontos, que contém grande quantidade de sódio disfarçada com nomes químicos, como “glutamato monossódico”. Atente-se também à adição exagerada de sal durante o preparo das refeições ou depois de prontas.
Como reduzir o sal no dia a dia
Uma das estratégias para reduzir o consumo de sódio é o uso de ervas naturais e temperos frescos. O sal hipossódico ou light pode ser considerado um substituto do sal, pois possui teor de sódio menor que o sal de cozinha.
Porém, outros tipos de sal como o sal rosa do Himalaia e o sal marinho apresentam o mesmo teor de sódio que o sal de cozinha normal e não devem ser utilizados como substitutos.
Ao diminuir o sal e aumentar o consumo de frutas, legumes e alimentos ricos em potássio, a pressão tende a se estabilizar naturalmente.
2. Mantenha uma alimentação equilibrada
Prefira refeições naturais e coloridas, com verduras, legumes, grãos integrais e proteínas magras.
A combinação de nutrientes melhora a circulação, mantém o peso saudável e reduz o colesterol – outro fator ligado à hipertensão.
Quando for montar seu prato, divida-o em três partes:
- 50% deve ser composto de vegetais crus e cozidos (alface, tomate, pepino, cenoura, beterraba, abobrinha, brócolis, chuchu)
- 25% deve conter proteínas animais (carne, frango, peixe, ovo) e vegetais (feijão, ervilha, soja, vagem, tofu)
- 25% deve conter carboidratos, de preferência os integrais (arroz, macarrão, batata, batata doce, mandioca, inhame)
O Guia Alimentar para a População Brasileira recomenda que além de equilibrada, a alimentação deve ser diversa – em termos de sabores, aromas, cores e texturas dos alimentos.
Duas dietas mostraram-se eficazes na prevenção e no manejo da hipertensão arterial.
A primeira é a Dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension), uma alimentação rica em potássio, cálcio, magnésio e fibras, contendo quantidades reduzidas de sódio, colesterol, gordura total e saturada.
- Alto consumo de: frutas, hortaliças (alface, espinafre, tomate, pimentão, cenoura, brócolis), leite e derivados com baixo teor de gordura (desnatados), cereais integrais, carnes magras (peixes e filé de frango) e oleaginosas (castanhas e amendoim).
- Baixo consumo de: gorduras saturadas, alimentos industrializados, carnes gordurosas (fraldinha, linguiça, salsicha, bacon, frango com pele), grãos refinados (arroz branco, pão branco, farinha de trigo) e açúcar (doces, balas, pirulitos e adicionado às bebidas).
A segunda é a Dieta do Mediterrâneo, que é rica em frutas, hortaliças e cereais integrais, com quantidades carne vermelha reduzida e que se caracteriza pelo consumo de peixe, oleaginosas e quantidades generosas de azeite de oliva.
3. Pratique atividade física regularmente
Movimentar o corpo é um dos hábitos mais eficazes para equilibrar a pressão.
A recomendação é realizar pelo menos 20 minutos de exercícios por dia, podendo incluir caminhada, natação, dança ou ciclismo, entre outros.
A atividade física ajuda a fortalecer o coração, reduzir o estresse e manter o peso saudável, três fatores diretamente relacionados à saúde cardiovascular. Além disso, tem benefícios associados à melhora do humor, disposição e interação social.
Sempre que possível, reduza o tempo em que permanece parado. O comportamento sedentário acontece quando passamos longos períodos sentados, reclinados ou deitados, com baixo gasto de energia – como assistir TV, usar o celular, trabalhar no computador ou estudar.
Tente fazer pequenas pausas ao longo do dia: a cada hora, levante-se e movimente-se por pelo menos 5 minutos. Aproveite para mudar de posição, ficar em pé, beber água, ir ao banheiro ou alongar o corpo. Esses momentos simples já ajudam a ativar a circulação e reduzir os efeitos do sedentarismo.
4. Cuide do sono e da mente
Dormir bem e lidar com o estresse são atitudes que também influenciam a pressão. A privação do sono e o estresse crônico aumentam a liberação de hormônios que elevam a pressão arterial.
Criar uma rotina de descanso, com técnicas de relaxamento e pausas no dia a dia, contribui para um equilíbrio físico e emocional.
Podemos utilizar a Higiene do Sono para começar. Essa estratégia é caracterizada por pequenas ações antes de dormir que ajudam a descansar e a dormir mais rápido.
- expor-se à luz natural durante o dia e permanecer ao ar livre durante algumas horas.
- procurar dormir e acordar no mesmo horário todos os dias.
- tomar um banho relaxante antes de deitar.
- evitar o uso de eletrônicos pelo menos uma hora antes de ir pra cama.
- não consumir bebidas estimulantes – como o café, energéticos ou álcool – perto do horário de dormir.
- deitar na cama somente quando estiver com sono.
Outra técnica de relaxamento que auxilia na prevenção da hipertensão arterial é a meditação, que ajuda a acalmar a mente e focar no momento presente. Basta sentar ou deitar em um local tranquilo, respirar profundamente e observar seus pensamentos sem se prender a eles.
5. Evite o tabagismo e o consumo excessivo de álcool
O tabagismo e o uso abusivo de álcool estão associados ao aumento da pressão arterial e ao risco de doenças cardiovasculares. A Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial recomenda interromper o uso de cigarros e moderar o consumo de bebidas alcoólicas, priorizando a saúde e o bem-estar de forma duradoura.
Não há uma quantidade recomendada e nem segura para o consumo de álcool. Mas, os estudos sugerem que para mulheres a ingestão de álcool acima de 15g/dia (uma lata de cerveja ou uma taça de vinho ou uma dose de destilado) aumenta o risco para o desenvolvimento de hipertensão.
Já para os homens esse valor é de 30g álcool/dia (duas latas de cerveja ou duas taças de vinho ou duas doses de destilado).
Em resumo
Cuidar da pressão é cuidar de todo o corpo. Pequenas mudanças diárias, somadas à aferição regular e ao acompanhamento profissional, fazem grande diferença na prevenção e no controle da hipertensão.
E o apoio profissional é indispensável para identificar questões específicas e orientar cada pessoa de forma individualizada. Em caso de dúvidas, procure por especialistas para uma avaliação completa.
Referências bibliográficas
Brandão AA, Rodrigues CIS, Bortolotto LA, Armstrong AC, Mulinari RA, Feitosa ADM, Mota-Gomes MA, et al. Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial – 2025. Arq. Bras. Cardiol. 2025;122(9):e20250624.
Disponível em: https://abccardiol.org/article/diretriz-brasileira-de-hipertensao-arterial-2025/
Filippou CD, Tsioufis CP, Thomopoulos CG, Mihas CC, Dimitriadis KS, Sotiropoulou LI, Chrysochoou CA, Nihoyannopoulos PI, Tousoulis DM. Dietary Approaches to Stop Hypertension (DASH) Diet and Blood Pressure Reduction in Adults with and without Hypertension: A Systematic Review and Meta-Analysis of Randomized Controlled Trials. Adv Nutr. 2020 Sep 1;11(5):1150-1160. Disponível em: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC7490167/
Theodoridis X, Chourdakis M, Chrysoula L, Chroni V, Tirodimos I, Dipla K, Gkaliagkousi E, Triantafyllou A. Adherence to the DASH Diet and Risk of Hypertension: A Systematic Review and Meta-Analysis. Nutrients. 2023 Jul 24;15(14):3261. doi: 10.3390/nu15143261. Disponível em: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC10383418/
Fu J, Liu Y, Zhang L, Zhou L, Li D, Quan H, et al. Nonpharmacologic
Interventions for Reducing Blood Pressure in Adults with Prehypertension
to Established Hypertension. J Am Heart Assoc. 2020;9(19):e016804.
Disponível em: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC7792371/
Pescatello LS, Buchner DM, Jakicic JM, Powell KE, Kraus WE, Bloodgood
B, et al. Physical Activity to Prevent and Treat Hypertension: A Systematic
Review. Med Sci Sports Exerc. 2019;51(6):1314-23. doi: 10.1249/
MSS.0000000000001943. Disponível em: https://journals.lww.com/acsm-msse/fulltext/2019/06000/physical_activity_to_prevent_and_treat.26.aspx
OMS – Hypertension Fact Sheet (2025)
OMS – Cardiovascular Diseases Fact Sheet (2025)
OMS – Sodium reduction Fact Sheet (2025)
OMS – Physical Activity Fact Sheet (2024)
OMS – WHO guidelines on physical activity and sedentary behaviour
Ministério da Saúde do Brasil – Hipertensão

:format(webpp))