Gota: tudo sobre a doença que afeta mais os homens e como preveni-la
A gota é uma doença inflamatória que causa bastante desconforto. Resultado do acúmulo de ácido úrico dentro das articulações, a gota é uma das artrites inflamatórias mais comuns em todo o mundo. No entanto, acomete mais homens do que as mulheres e os motivos são variados. A seguir, saiba mais sobre a enfermidade.
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Causas da gota
De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, a gota ocorre quando os níveis de ácido úrico aumentam no sangue. Quando isso acontece, o corpo não consegue se livrar do excesso e provoca os sintomas da inflamação nas articulações. Mas nem todo mundo que possui grande quantidade de ácido úrico manifestará a condição. “Porém, estes pacientes apresentam maiores riscos de hipertensão arterial, insuficiência renal e doenças cardiovasculares”, alerta Marco Antônio de Araújo Rocha Loures, reumatologista e presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR).
“Diariamente, o ser humano ingere alimentos que contém proteína, que metabolizam a purina. O resultado da metabolização dessa substância é o ácido úrico. Tal processo é normal e não apresenta riscos quando a quantidade de ácido úrico é mínima (dentro dos padrões). Em um contexto saudável, o ácido úrico sai pela urina. O problema está no excesso de ácido úrico e a cristalização dele”, explica o médico.
Outros motivos que podem despertar episódios de gota em pessoas hiperuricêmicas são:
- Alimentação rica em purina.
- Trauma físico.
- Quimioterapia e histórico de cirurgias.
- Uso de medicamentos (diuréticos, por exemplo).
Quem são os mais afetados?
A incidência é maior em homens entre 40 e 50 anos. Sobretudo quem apresenta sobrepeso, não se exercita e ingere álcool frequentemente. Embora seja mais difícil, as mulheres também pode ser vítimas. Geralmente, o quadro se desenvolve no período pré-menopausa ou em quem tem mais de 60 anos.
Sintomas da gota
Em mais da metade dos casos, as primeiras artrites ocorrem na articulação do primeiro dedo dos pés, que leva o nome de podagra, segundo Loures. Contudo, as crises avançam rápido e desencadeiam dores fortes, inclusive ao toque, e eritema local.
“Essas primeiras crises respondem bem aos chamados anti-inflamatórios. Segue um período assintomático que pode durar meses. Todavia, caso a doença não seja tratada adequadamente, a partir desta fase, as crises tendem a ser mais frequentes e prolongadas”, descreve o presidente da SBR.
Como resultado da falta de cuidados, instala-se um quadro crônico e progressivo, com sequelas e deformidades. “Então, começam a aparecer os depósitos de urato (tofos). Eles podem surgir em qualquer lugar do corpo, mas são mais comuns em torno das articulações e nos cotovelos”, acrescenta.
Diagnóstico
Com o início dos sintomas, é importante buscar o auxílio de um médico reumatologista. Para confirmar o quadro, o especialista avalia a história clínica do paciente e solicita exames laboratoriais (hemossedimentação e proteína C reativa). Assim, é possível verificar se há grande concentração de ácido úrico no sangue e na urina.
“Nas crises, o ácido úrico pode ou não estar alto, pois depende de sua diluição no sangue e nas articulações. O diagnóstico definitivo ocorre pela análise do líquido sinovial, com a presença de cristais em forma de agulha. Microscópios especiais com filtros polarizados facilitam a detecção dos cristais”, explica Loures.
Por fim, exames de imagem, como o ultrassom e a tomografia computadorizada, também são úteis para descobrir depósitos de cristais de ácido úrico.
Tratamento
A gota é uma doença sem cura definitiva, mas que exige controle. O tratamento tem a finalidade de reduzir a inflamação, assim como as dores e os níveis de ácido úrico.
Quando o paciente segue os cuidados à risca, utilizando os medicamentos corretamente, consegue viver normalmente e sem incômodos. Para isso, também precisa realizar ajustes na dieta — evitar alimentos ricos em purina e caprichar na ingestão de água — e manter uma vida ativa.
Entretanto, alguns casos podem não responder aos medicamentos. Então, é necessária uma cirurgia para retirada dos tofos nas articulações para recuperar a função dos movimentos.
Fonte: Marco Antônio de Araújo Rocha Loures, reumatologista e presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR).