Genes da dislexia: cientistas fazem descoberta inédita
Um estudo publicado na revista Nature Genetics traz novas perspectivas sobre a dislexia, condição genética dificulta a capacidade de aprendizado. Estima-se que 8 milhões de brasileiros enfrentem o distúrbio. De acordo com os pesquisadores da Universidade de Edimburgo, na Escócia, existem 42 genes da dislexia. Por ser o primeiro grande estudo sobre o segmento, ainda há a necessidade de mais análises para detalhar a ligação desses genes à dificuldade cognitiva.
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Como foi feita a descoberta dos genes da dislexia?
Para identificar os possíveis genes da dislexia, os pesquisadores reuniram informações genéticas de aproximadamente 50 mil pessoas com o distúrbio. Além disso, avaliaram 1 milhão de dados de indivíduos sem dislexia, a fins de comparação.
Dos 42 genes, 14 já estavam associados a outros transtornos cognitivos, como atraso no raciocínio e na fala. Os demais também possuíam relação com outras condições conhecidas, como o TDAH e a habilidade de escrever e realizar tarefas com as duas mãos (ambidestria). Como conclusão, os cientistas notaram que existe uma conexão genética entre a dislexia e a ambidestria.
O estudo afirma que a descoberta pode auxiliar no desenvolvimento de testes genéticos mais precisos da dislexia, que ainda é um desafio para o diagnóstico correto. Dessa forma, será possível realizar o acompanhamento de indivíduos com a condição e proporcionar mais ferramentas para melhorar a qualidade de vida.
Como esse é o primeiro grande estudo sobre os genes da dislexia, pesquisas futuras ainda são necessárias para confirmar esses achados. Além disso, determinar com mais precisão a função desses genes.
Qual é o impacto da genética no desenvolvimento da dislexia?
Características da dislexia
De acordo com a Associação Brasileira de Dislexia (ABD), a criança com dislexia geralmente embaralha letras ao escrever, soletrar ou ler uma palavra. Mas também pode apresentar outra série de sinais que indica a presença do transtorno. Em contrapartida, é importante ressaltar que uma pessoa não necessariamente possui todos os sintomas, mas alguns que levantam a suspeita da dislexia. Por exemplo:
- Problemas para se concentrar.
- Atraso na fala e no processo de alfabetização.
- Dificuldade em aprender canções e rimas.
- Facilidade em perder o foco — os episódios de dispersão são muito comuns.
- Pouco repertório de fala, que gera problemas de interação e conversação.
- Ausência de coordenação motora e de diferenciação entre esquerda e direita.
- Desorganização em geral, que vai desde cumprir prazos a manter os pertences em ordem.
- Por fim, pouca capacidade de resolver quebra-cabeças e jogos com proposta similar.
Tipos de dislexia
Dependendo do conjunto de características da pessoa, a dislexia se classifica em:
- Visual: reúne os entraves de ler e distinguir os lados direito e esquerdo, gerados pela confusão visual.
- Auditiva: envolve dificuldades em falar e assimilar rimas e canções, pois a percepção dos sons é mais comprometida.
- Mista: junção de dois ou mais tipos de dislexia. Em outras palavras, o indivíduo poderá ter sintomas da dislexia visual e auditiva.