Gêmeo parasita: a curiosa e rara anomalia que ocorre na gestação
Quando o assunto envolve genética e a influência dela no desenvolvimento de anomalias congênitas, existem muitos mistérios. A ciência sempre está em busca de investigar o mecanismo e as causas de alguns fenômenos raros, mas que despertam curiosidade nas pessoas. Um exemplo de caso intrigante é o do gêmeo parasita. Também chamada fetus in fetu, a condição provoca o desenvolvimento de um “feto dentro do outro”.
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O que é o gêmeo parasita?
O gêmeo parasita é aquele que, em algum momento, pode ter sofrido uma malformação que o uniu ao outro feto dominante. Ou seja, ele passa a fazer parte do gêmeo, que se desenvolve normalmente. No entanto, o conceito é uma das hipóteses.
“A outra possibilidade levantada por estudos é que o gêmeo parasita é nada mais do que um tumor altamente desenvolvido, mas que se assemelha a um feto. Geralmente, a massa parecida com um bebê (ou o próprio bebê gêmeo) se instala na cavidade abdominal da criança hospedeira”, explica Carolina Cunha, médica ginecologista e obstetra da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Embora a situação desperte preocupação em futuros pais, o fenômeno costuma ser bem raro — a incidência é de um para cada 500 mil nascidos vivos. Há relatos de casos de gêmeo parasita em diversas partes do mundo.
Contudo, Carolina alerta que não há estudos que mostram se há regiões propensas ao quadro. Todavia, em alguns países da Ásia, como a Índia, é comum ver notícias sobre a anomalia na imprensa.
Nesse sentido, o fato impressiona, pois algumas crianças nascem com membros extras projetados para fora do corpo. É o que aconteceu com um bebê indiano nascido em 2017, que veio ao mundo com uma cabeça a mais no abdômen.
Além dessa particularidade, os médicos que acompanharam a situação informaram que o gêmeo parasita estava se alimentando do irmão hospedeiro, que nasceu com deficiência de nutrientes.
Felizmente, foi possível remover o membro por meio de cirurgia, realizada no dia do nascimento da criança. Na época, o jornal britânico Daily Mail divulgou fotos do bebê antes do procedimento.
Causas e sintomas
A comunidade científica ainda não conseguiu determinar uma ou mais causas específicas para a condição. Mas, assim como as hipóteses da malformação fetal e do tumor semelhante a um bebê (teratoma), existem outras possíveis razões para o acontecimento.
- Morte de um dos embriões, que acaba se “englobando” no irmão saudável.
- Em casos que o gêmeo parasita nasce mais desenvolvido, este tentaria ter sobrevivido a uma malformação se nutrindo do hospedeiro, seu próprio par.
Quanto aos sintomas, a gestante não percebe nenhuma diferença na gravidez. Somente com exames de imagens e no nascimento que o gêmeo parasita se torna perceptível. Em contrapartida, há indivíduos que não aparentam nenhuma anormalidade.
Logo, só descobrem que possuem um gêmeo parasita ao realizar um ultrassom abdominal que detecta uma massa na região, segundo a especialista da BP.
“Outros indivíduos com gêmeo parasita pode sentir, às vezes, sintomas relacionados à compressão de órgãos adjacentes a essa massa”, comenta Carolina.
Diagnóstico e tratamento do gêmeo parasita
A principal forma de identificar o fetus in fetu é por meio dos exames de imagem. Ou durante o pré-natal, se a malformação for evidente, ou em algum momento da vida desse bebê.
Por sua vez, a resolução é cirúrgica na maioria dos casos. Consiste na remoção dos membros extras para evitar problemas no funcionamento de alguns órgãos, dependendo da complexidade da mutação.
Fonte: Carolina Cunha, médica ginecologista e obstetra da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.