Gastrostomia: intervenção pode salvar a vida de diversas crianças
Muitos crianças possuem distúrbios gastrointestinais e condições médicas que as impedem de se alimentar normalmente. Contudo, algumas alternativas de nutrição parenteral e enteral são capazes de fornecer os nutrientes necessários para o organismo. A gastrostomia, por exemplo, é um desses procedimento indicados para pacientes que não podem ou não conseguem se alimentar pela boca.
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Como funciona a gastrostomia?
Antes de mais nada, qualquer método de nutrição enteral ou parenteral precisa de indicação médica. A gastrostomia se enquadra nessa recomendação, e consiste na inserção de um bóton entre o estômago e a pele do paciente. Dessa forma, a criança consegue receber os nutrientes adequados para se manter saudável.
Mas, em quais casos a intervenção se torna indispensável? “Algumas crianças que apresentam, por exemplo, uma disfagia, alterações neurológicas e/ou genéticas e/ou respiratórias, renais crônicos, erro inato do metabolismo, cardiopatias, etc. em que a alimentação via oral é difícil e/ou que não é possível pelo risco de aspiração, podem necessitar de uma via enteral”, explica a fonoaudióloga Patrícia Junqueira, fundadora e diretora do Instituto de Desenvolvimento Infantil e especialista em avaliação e reabilitação de bebês e crianças com dificuldades alimentares.
Ela complementa que quando se sabe que esse período será maior que 3 meses, é indicado o uso da gastrostomia, que traz um maior conforto para a criança, ao invés do uso de sondas nasogástricas que geram grande incômodo.
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Conhecimento e envolvimento familiar são essenciais
Indicar uma gastrostomia é apenas o primeiro passo. Afinal, a família necessita de todo o acolhimento e orientação para gerenciar esse novo processo de alimentação e, quando possível, estar orientada para o desmame.
A possibilidade de a criança levar uma vida normal após a gastrostomia reitera a necessidade de entender as situações pelas quais ela pode passar em todos os meios sociais.
“Criamos aqui no Instituto o Programa de Gerenciamento e Desmame da Via Alternativa para Alimentação, também chamado de Da Sonda à Mesa, justamente para mostramos aos pais a necessidade de inserir o filho no momento da refeição sentados à mesa. Cada um com seus pratos, para que ele se sinta parte do momento. Reforçamos aqui o papel da refeição em família no desenvolvimento da criança”, conta a especialista.
Dieta caseira associada à gastrostomia pode melhorar o bem-estar da criança
Além do procedimento em si, um estudo recente traz importantes considerações a respeito do uso de uma dieta caseira. Estas opções têm sido cada vez mais utilizada pelos pais de crianças que dependem de uma sonda para se alimentarem, ao invés de fórmulas industrializadas.
Entre os benefícios estão: melhora dos sintomas gastrointestinais, melhora do bem-estar geral, redução ou retirada de determinados medicamentos, assim como uma maior condição de normalidade.
“Nosso papel é mostrar que a gastrostomia pode ser uma forma de salvar a vida da criança que não consegue se alimentar via oral e que ela pode viver uma vida normal. Ou seja, ir à praia, à escola, brincar. Queremos reforçar a necessidade da inclusão e aqui, cuidamos para que a criança viva e se alimente da melhor forma possível. Comer vai muito além da nutrição”, conclui a fonoaudióloga.