Fibroma uterino: tudo sobre os nódulos benignos

Saúde
16 de Novembro, 2022
Fibroma uterino: tudo sobre os nódulos benignos

Órgão complexo, o útero pode ser acometido por muitas condições diferentes. Uma delas é o chamado fibroma uterino, ou mioma uterino. Apesar de o nome remeter a um tipo de câncer – uma das principais doenças que afetam os úteros femininos no Brasil -, se trata de uma condição benigna.

“Estima-se que até 50% das mulheres terão pelo menos um mioma uterino ao longo de sua vida”, explica Tomyo Arazawa, ginecologista da Clínica Alira. “Essa prevalência pode ser ainda maior a depender dos antecedentes familiares (fatores genéticos) e étnicos. Mulheres afrodescendentes têm uma tendência maior a desenvolver miomas e a prevalência nessa população pode chegar a 70% das mulheres.”

Os miomas são mais frequentemente diagnosticados após os 30 anos, sobretudo, após os 40. Um fato interessante é que, depois da menopausa, eles tendem a parar de crescer e regredir parcialmente. 

Sintomas do fibroma uterino

Apesar de benignos, os fibromas uterinos desenvolvem alguns sintomas bastante perceptíveis pelas mulheres. O principal é o sangramento menstrual aumentado – que fica bastante notável quando a menstruação chega. 

Fora isso, cólicas menstruais e dificuldade para engravidar também são sintomas comuns das mulheres que sofrem com os miomas. 

“Além disso, a depender do número e tamanho dos miomas, a paciente pode apresentar aumento do volume abdominal (pelo crescimento dos miomas ao longo de anos), e sintomas causados pela compressão dos miomas a outros órgãos, como dificuldade para evacuar e aumento da frequência urinária”, explica o médico.

A localização também influencia diretamente os sintomas: quanto mais internamente o mioma estiver no útero, maior a chance de causar sangramentos intensos, e também de afetar negativamente a fertilidade da mulher. 

Causas do mioma uterino

“A causa mais comum é o fator genético”, continua o ginecologista. “Antecedentes familiares positivos para miomas aumentam o risco da paciente ter também o diagnóstico.” 

Mas a genética sozinha não dita tudo. Isso porque as influências hormonais ao longo da vida da mulher vão influenciar o aparecimento e crescimento dos miomas também. Fatores ambientais, como alimentação, estresse, imunidade, inflamação no corpo e o sono, também influenciam – isso porque nosso estilo de vida modula o comportamento da nossa genética. 

“O diagnóstico costuma ser simples. Mesmo em pacientes assintomáticas, pode-se identificar facilmente os miomas através de ultrassonografia transvaginal simples, em um exame de rotina”, diz o Dr. Tomyo. “Em casos mais avançados é possível detectar a presença de miomas no exame físico. Além disso, em casos mais específicos, a ressonância magnética auxilia a mapear melhor os miomas presentes.”

Leia também: É possível engravidar com mioma no útero?

Tratamento para fibroma uterino

O tratamento depende de alguns fatores, como a idade da mulher, os sintomas e até o desejo de gravidez futura. Em pacientes assintomáticas com miomas que não tenham um comportamento suspeito, por exemplo crescimento rápido, geralmente recomenda-se apenas acompanhamento associado a ajustes no estilo de vida. 

Em pacientes com sintomas mais intensos (como cólicas e/ou sangramentos menstruais intensos) e com desejo de gravidez futura, entretanto, indica-se desde medicações (tanto hormonais quanto não hormonais) para controle dos sintomas, até tratamento cirúrgico para remoção dos miomas com preservação do útero. 

“Pacientes com sintomas intensos e sem desejo reprodutivo, especialmente nas pacientes que não apresentam melhora dos sintomas com medidas medicamentosas, podemos considerar tratamentos mais definitivos, como a retirada do útero (histerectomia)”, explica o médico.

O tratamento cirúrgico dos miomas é um dos mais realizados na ginecologia. Atualmente tem-se preferência por técnicas minimamente invasivas, como a robótica e a laparoscopia. Mesmo em casos de múltiplos miomas e miomas volumosos, é possível removê-los com segurança através de pequenas incisões, especialmente se a cirurgia for realizada por cirurgiões ginecologistas experientes. 

Além disso, existem outros tratamentos alternativos, por exemplo a embolização das artérias uterinas, que geralmente são reservados a casos selecionados. 

Apesar da maioria dos nódulos do útero serem miomas benignos, a probabilidade de se tratar de um tumor maligno existe, apesar de muito baixa (acontece em menos de 1% dos casos). Para saber a diferença, o médico deve se atentar aos nódulos que crescem muito rápido, sobretudo no período após a menopausa.

“O tratamento das pacientes com miomas deve ser sempre individualizado. É preciso levar em conta não só as características dos miomas, mas também os seus sintomas, desejo reprodutivo, além de respeitar sempre as opiniões de cada paciente”, finaliza.

Fonte: Tomyo Arazawa, ginecologista da Clínica Alira

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