Erisipela: o que é, principais sintomas e tratamentos
Com o aumento da temperatura, cresce também os riscos de complicações. Os dias de calor podem aumentar a incidência de micoses e picadas de inseto. Consequentemente, podem surgir lesões que servem como portas de entrada de bactérias que causam a erisipela. O alerta é da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV) que faz um aviso: essa doença, sem tratamento adequado, pode gerar complicações graves e até mesmo ser fatal. Saiba mais a seguir:
Erisipela: o que é?
A erisipela é uma condição inflamatória que atinge tanto a camada mais superficial da pele quanto o tecido adiposo subcutâneo, um processo que também envolve os vasos linfáticos.
Trata-se, de acordo com a dermatologista Ana Paula Mantoan, da Clínica Healphy, de uma forma mais externa de celulite. Costuma acometer pessoas com diabetes, obesidade, com baixa imunidade ou má circulação e pessoas acima dos 50 anos, cuja circulação venosa e linfática estão debilitadas.
A doença não é contagiosa. Na verdade, é causada por bactérias, principalmente a Streptcoccus pyogenes, que penetram na pele por uma porta de entrada em qualquer área do corpo, sendo a mais comum os membros inferiores. Assim, dificulta o retorno do sangue e da linfa (vasos linfáticos). “Exemplos de porta de entrada são úlceras, micoses de unhas, frieiras, picadas de inseto, manipulação inadequada das unhas, lesão de acne ou até mesmo um corte”, detalha Ana Paula.
Principais sintomas
A instalação e a evolução do quadro de erisipela são rápidas. O diagnóstico pode ser acontecer através dos seguintes sintomas de infecção:
- Mal-estar;
- Fadiga;
- Febre;
- Calafrios;
- Inchaço;
- Sensação de ardor na pele;
- Feridas avermelhadas e doloridas.
Além desses sinais, algumas pessoas também podem sofrer diarreia, vômito e desidratação. Assim, com a progressão da erisipela, sem o tratamento adequado, o paciente pode apresentar bolhas incômodas e dolorosas ou feridas conhecidas como necrose, por conta da morte das células do tecido.
Diagnóstico e tratamento da erisipela
A erisipela pode ser diagnosticada por meio de uma análise clínica. Ou seja, da observação dos sintomas. “Geralmente, não há, a necessidade de realizar outros exames específicos”, aponta a dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Academia Americana de Dermatologia (AAD), Adriana Vilarinho.
Assim, o tratamento no estágio inicial é feito em casa a partir do uso de antibióticos orais, anti-inflamatório, remédios para a febre. Além disso, repouso absoluto, elevação do membro afetado e higiene adequada também são medidas de tratamento. “Quando o quadro é mais grave, necessita de internação para administração endovenosa do antibiótico e observação do paciente”, completa Ana Paula.
Assim, tomando esses cuidados, a condição pode ter reversão. Além disso, vale ressaltar a importância da prevenção para evitar o desenvolvimento da doença. São medidas como cuidar corretamente de quaisquer ferimentos.
“Normalmente os sintomas melhoram em 10 dias após o início do uso de antibióticos. Mas, para ajudar no tratamento, é importante também que o paciente repouse e mantenha o membro afetado elevado durante trinta minutos três vezes ao dia para diminuir a dor e o inchaço, além de manter a área infectada sempre limpa”, completa a médica Aline Lamaita, cirurgiã vascular.
Assim, evitando uma possível infecção, enxugar bem os pés para evitar a proliferação de fungos e tratar doenças dermatológicas como micoses e frieiras. “Usar meias elásticas, utilizar instrumentos de manicure e pedicure sempre esterilizados, não expor os pés a ambientes com riscos de contaminação, entre outras situações que favoreçam a entrada da bactéria”, conclui Ana Paula.
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Cuidados com a erisipela durante o verão
Por fim, como as bactérias surgem através de pequenos cortes ou ferimentos, nas altas temperaturas é preciso um olhar mais atento.
“Durante o verão, as lesões de pele – em especial a micose interdigital – são mais frequentes e favorecem a entrada de bactérias causadoras de erisipela. Por isso, é preciso enxugar bem as áreas úmidas do corpo, principalmente entre os dedos, ter cuidado com cutículas e unhas e manter a higiene”, explica Sergio Belczak, angiologista e cirurgião vascular.
Assim, o angiologista recomenda ainda criar o hábito de examinar os pés. Essa checagem serve para encontrar frieiras e outros ferimentos; utilizar repelentes para evitar as picadas de insetos; e manter sapatos e meias bem higienizados, assim como o box do banheiro, para evitar a proliferação de fungos.
Fontes:
- Adriana Vilarinho, dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Academia Americana de Dermatologia (AAD).
- Sergio Belczak, angiologista, cirurgião vascular e membro da diretoria da SBACV.
- Aline Lamaita, Cirurgiã vascular e membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV).