Efeitos da Covid longa podem durar mais de um ano, segundo estudo
É o que sugere um estudo realizado pela Fiocruz Minas, que analisou os efeitos da Covid longa por 14 meses em 646 pacientes com a condição. Como resultado, mais da metade — 324 pessoas — tiveram as sequelas após a infecção durante o período de acompanhamento.
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Quais efeitos da Covid longa foram analisados?
Logo após o término da infecção aguda, a instituição somou 23 sintomas diferentes. Entre eles, os principais:
- Fadiga: foi o efeito predominante da Covid longa, relatada por 115 pessoas do estudo. Como consequência, o cansaço é extremo até para atividades do dia a dia.
- Tosse persistente: ao todo, 110 participantes sofreram com o incômodo.
- Dificuldade para respirar: 86 pacientes relataram o incômodo, mesmo em repouso.
Além das sequelas acima, os voluntários apresentaram dores de cabeça, perda do olfato ou paladar e transtornos emocionais, como insônia, ansiedade e tontura. Contudo, pouco mais de 6% dos participantes tiveram trombose, e receberam tratamento para controlar a complicação.
De acordo com a pesquisadora que coordena o estudo, Rafaella Fortini, todos os sinais da Covid longa se manifestaram depois da infecção aguda. Assim como muitos deles permaneceram ao longo dos 14 meses da pesquisa.
“Temos casos de pessoas que ainda estão em monitoramento, pois os sintomas permaneceram para além dos 14 meses. Também constatamos a presença de sete comorbidades. Por exemplo, hipertensão arterial crônica, diabetes, cardiopatias, câncer, doença pulmonar obstrutiva crônica, doença renal crônica e tabagismo ou alcoolismo levou à infecção aguda mais grave e aumentou a chance de ocorrência de sequelas”, explica a coordenadora em entrevista ao portal da Fiocruz.
Outra descoberta foi que os efeitos da Covid longa podem surgir independentemente do quadro da doença, dividido em grave, moderado e leve.
Perfil dos pacientes e outros critérios da pesquisa
A princípio, a Fiocruz acompanhou pacientes do pronto-socorro do Hospital da Baleia e Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro, entre abril de 2020 e março de 2021. Todos testaram positivo para a doença.
Por sua vez, a equipe monitorou os participantes por meio de entrevistas mensais, entre março de 2020 a novembro de 2021. A idade dos participantes variou entre 18 e 91 anos; sendo que 53,9% eram do sexo feminino. Dos 646 pacientes, apenas cinco estavam vacinados e, desses, três tiveram a Covid longa.