Duas semanas sem treinar já causa perda de condicionamento, diz ciência

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Bianca Pichirilli

Educadora Física • CREF 144786-G/SP

Às vezes, manter a consistência nos treinos pode ser um desafio. As prioridades mudam a toda hora, então a atividade física costuma ser sacrificada em tempos mais corridos. No entanto, permanecer longos períodos sem movimento traz perdas significativas não só ao condicionamento, mas aos músculos. É o que sugere um compilado de estudos no livro “Play Forever: How to Recover From Injury and Thrive“. Escrito pelo cirurgião ortopédico Kevin Stone, quase duas semanas sem treinar já é o suficiente para o corpo voltar à zona de conforto — algo que, do ponto de vista fisiológico, não é nada bom. Saiba mais!

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Duas semanas sem treinar: quais os efeitos do destreino, segundo a ciência?

De acordo com os estudos na obra literária, ainda sem lançamento no Brasil, apenas 12 dias são o bastante para o corpo entrar no processo de perda muscular e resistência. Isso acontece porque o corpo produz hormônios do estresse, endorfinas e outras substâncias que favorecem as mudanças no metabolismo.

Além disso, a primeira mudança é a queda de bombeamento sanguíneo pelo coração, assim como o oxigênio presente no sangue — o VO2 máximo, ligado ao condicionamento físico.

Quando paramos de fornecer esse estímulo por meio do exercício, o organismo perde a capacidade de sustentar a evolução. Ou seja, duas semanas sem treinar ou mais é considerado um acontecimento “trágico” para o corpo habituado a funcionar de outra forma.

É possível recuperar a resistência e a força muscular em pouco tempo?

Apesar das notícias desanimadoras até agora, vamos às boas. Se você tem uma vida ativa, com rotina frequente de exercícios que desandam de vez em quando, não se preocupe. O corpo costuma reagir ao retorno após 10 dias de treino.

Então, nesse período, é normal sentir mais dificuldade em fazer um treino aeróbico, assim como levantar mais peso ou realizar as repetições de um exercício de musculação.

Mas, tenha calma: não quer dizer que você irá ganhar toda a massa muscular que perdeu em apenas 10 dias. Só a partir desse ciclo que será possível reconquistar os ganhos — portanto, é um processo que pode levar de semana a meses.

Dessa forma, pegue leve e tenha paciência para recuperar o vigor físico de antes. Nosso organismo precisa de tempo para se adaptar  — por isso, respeite os dias de descanso para viabilizar a retomada do estímulo. Afinal, provavelmente você sentirá dor muscular ou cansaço acima do habitual até que “volte com tudo”.

Atenção aos indivíduos mais velhos e atletas de alto rendimento rendimento

Para quem se exercita de maneira intensa, como um atleta de alto desempenho, e passou dos 30 anos, precisa se preocupar ainda mais com o hiato na atividade física.

No primeiro caso, se uma pessoa que treina pesado, às vezes mais de uma vez por dia, para por alguma razão, os efeitos do destreino surgem mais rápido do que a média.

O motivo é que o corpo entende que a rotina pesada de atividades é normal — e qualquer mudança nessa rota descompensaria os ganhos. Atletas com esse perfil tendem a sofrer muito mais com a volta às pistas, pois sentem na pele o fôlego mais pesado e a dificuldade de se recuperarem com rapidez.

A mesma situação se aplica a quem tem mais de 30 anos. Com o envelhecimento, é natural ter que se esforçar mais para manter ou ganhar massa muscular, por exemplo.

Isso porque ocorre uma “luta” entre o corpo, que está perdendo musculatura, e o exercício, que é a força contrária a esse mecanismo. Logo, quando a inatividade física é maior, o organismo continua seguindo seu curso.

Conclusão: o movimento é importantíssimo em qualquer fase da vida. Quanto mais cedo você começar, mais o corpo irá responder de forma positiva ao esforço — mesmo que, vez ou outra, a vida nos obrigue a ficar mais de duas semanas sem treinar. Assim, ao envelhecermos, há mais chances de viver com autonomia e livre de doenças.