Doença pulmonar crônica causa envelhecimento precoce do sistema imunológico
A doença pulmonar crônica (DPOC), é uma inflamação do pulmão que compromete o fluxo aéreo e a qualidade de vida do indivíduo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a DPOC atinge cerca de 6 milhões de pessoas no Brasil. No entanto, uma pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo constatou que a enfermidade não prejudica apenas a saúde do órgão, mas é capaz de envelhecer o sistema imune. A descoberta foi publicada na revista Immunity & Ageing.
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Doença pulmonar crônica é fator de risco para envelhecimento entre os grupos analisados
A princípio foram recrutadas 92 pessoas, distribuídas em quatro grupos: pacientes com doença pulmonar crônica, fumantes sem doença pulmonar, idosos e adultos saudáveis. Assim, os cientistas analisaram marcadores associados à diferenciação tardia, senescência e exaustão celular para cada grupo. Como resultado, os indivíduos enfermos apresentaram células com fenótipos envelhecidos ou esgotados, consequências do envelhecimento prematuro do sistema imunológico.
“Com o aumento da população idosa, entender os mecanismos envolvidos no processo de envelhecimento celular (imunossenescência) é importante em vários aspectos. Por isso, compreender como lidar com o organismo dessas pessoas, mais propenso a cânceres, infecções, pode abrir caminhos para um melhor funcionamento do sistema imunológico. Logo, esse trabalho ajuda a entender o que acontece e onde é possível tentar atuar”, explica o professor Gil Benard, do Laboratório de Dermatologia e Imunodeficiências da FM-USP.
Por sua vez, o grupo de pessoas com tabagismo crônico moderado a intenso não aumentaram o ritmo da imunossenescência em comparação com os idosos saudáveis. “Ou seja, a DPOC acabou interferindo mais nos pacientes do que a idade, afetando drasticamente o sistema imune”, completa a doutoranda Thalyta Nery Carvalho Pinto.
A imunossenescência é marcada pela diminuição do total de células T jovens (chamadas pelos cientistas de naive) e pelo aumento dos linfócitos de memória, que têm três fases durante a vida. No trabalho, os pesquisadores detectaram uma “desordem” nesse ciclo do sistema imune em pacientes com DPOC. Agora, com uma amostra de indivíduos diferente da anterior, o grupo de cientistas está estudando como é a resposta dos linfócitos de outro tipo (B) em pacientes com DPOC. Também busca avaliar como essas pessoas estão respondendo à vacina da Covid-19.
Fonte: Agência FAPESP.