Diarreia: causas, cuidados e tudo sobre a condição
A diarreia é uma condição bastante desconfortável, mas comum — pelo menos uma vez na vida, todo mundo terá o famoso “piriri”. No entanto, é importante descobrir o motivo do desarranjo intestinal, sobretudo se ele for persistente. A seguir, conheça os tipos de diarreia, as prováveis causas e os cuidados que ajudam a amenizar o quadro.
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O que é diarreia?
De acordo com Rogério Alves, gastrohepatologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, a diarreia é quando uma pessoa evacua fezes muito moles por três vezes ou mais por dias seguidos. “Também observamos o volume de fezes e há quanto tempo está com diarreia para identificar as possíveis causas”, explica. Principalmente bebês, crianças e idosos, que são grupos mais vulneráveis e podem se desidratar com mais facilidade.
Tipos e causas
A diarreia é classificada segundo o tempo de duração, os sintomas e as causas, explica Alves. Veja alguns tipos:
Diarreia aguda ou comum
Nessa situação, as fezes são aguadas, geram dores abdominais e podem durar até duas semanas. Dentre as causas, se destacam a alimentação inadequada, ingestão excessiva de cafeína e substâncias laxantes, uso de medicamentos e até mesmo estresse e ansiedade.
Infecciosa
É similar à diarreia comum — provoca cólicas abdominais e muitas idas ao banheiro — mas os responsáveis são vírus e bactérias. Ou seja, é possível adquirir a infecção por meio de alimentos ou bebidas contaminadas, ou consequência de uma enfermidade. Por isso, surgem sintomas como indisposição, falta de apetite e febre. Às vezes, pode ser mais intensa do que a diarreia aguda, o que exige tratamento para evitar complicações.
Crônica
Ocorre quando a diarreia permanece há mais de duas semanas, e não necessariamente de forma repetitiva. Basta que a pessoa esteja evacuando mole ou aguado e tenha desconfortos abdominais, como dores e gases. “A princípio, esse tipo de diarreia está associado a uma doença crônica, que exige investigação. Por exemplo, a síndrome do intestino irritável e a doença celíaca”, explica Alves.
Parasitária
Como o próprio termo sugere, a parasitária pode ser causada por vermes e protozoários que se instalam no aparelho digestivo e causam a disenteria. Esse contágio ocorre por meio da alimentação e da ingestão de água contaminada e até das relações sexuais. São infecções comuns entre populações com pouco ou nenhum acesso a saneamento básico, e ficam mais expostas ao problema. Além de alterar a consistência das fezes e desequilibrar a flora intestinal, a diarreia parasitária pode fazer com que a pessoa evacue sangue, sofra crises de vômito, dor de cabeça e perda de apetite. As mais comuns desse tipo são a amebíase e a giardíase.
Outras causas da diarreia
A disenteria pode ser origem de intolerâncias alimentares. Lactose, glúten e outras substâncias causam problemas no intestino, algo perceptível depois que a pessoa ingere um alimento específico. Enfermidades autoimunes, como a doença de Chron, que consiste na inflamação generalizada do trato intestinal, também podem desencadear o quadro. Por último, mas não menos importante, algumas mulheres têm diarreia durante o período menstrual.
Sintomas
Além das típicas fezes moles e das frequentes evacuações, o distúrbio pode deixar a boca seca, causar suor frio, mal estar geral, tontura, náusea, dores de cabeça e vômitos. Todos esses sinais dependem da causa do problema e do nível de desidratação, que aumenta a intensidade dos sintomas.
Diagnóstico
A análise do estado de saúde do indivíduo, assim como dos sintomas e da duração auxiliam na primeira fase do diagnóstico. Todavia, o médico pode pedir exames laboratoriais e das fezes para descobrir a presença de bactérias, vírus e outros agentes causadores da diarreia. Se houver suspeita de outras doenças, exames de imagem (endoscopia, ultrassom e ressonância magnética, por exemplo) podem ser úteis.
Tratamento
Varia de acordo com a causa. Dessa forma, se for uma diarreia comum, cuja causa está ligada a um alimento que não “caiu bem”, a recomendação é ficar em repouso e seguir uma dieta mais leve para restaurar a saúde do intestino. Além disso, o médico pode prescrever medicamentos que ajudam a reequilibrar a flora intestinal e, assim, espaçar as evacuações. Redobrar a hidratação com água, isotônicos e soro caseiro também integram os cuidados. No entanto, se a diarreia tiver origem bacteriana ou parasitária, é o caso de um tratamento com antibióticos e antiparasitários para atuar diretamente na causa. O mesmo se aplica a disenterias causadas por doenças crônicas ou intolerâncias alimentares.
Alimentos que pioram a diarreia
Rogério Alves desaconselha alimentos como café, chocolate, frituras, bebidas alcoólicas e ultraprocessados se você estiver com o problema. “Inclusive, é bom evitar frutas e outros alimentos ricos em fibra e muito condimentados, pois estimulam o trânsito intestinal. Afinal, durante uma diarreia, a principal preocupação é controlar um possível quadro de desidratação, que pode causar complicações sérias”, alerta.
O que comer quando tiver diarreia?
O consumo de alimentos leves, mais fáceis de digerir e com menos gordura devem fazer parte do cardápio. Por exemplo:
Existem, ainda, alguns itens que colaboram para reverter o quadro. Consumir sopas e água de coco ajudam a repor os líquidos perdidos pelas fezes. O soro caseiro também é um aliado contra a diarreia, e possui uma receita simples. Veja:
Como fazer o soro caseiro
Misture em um litro de água mineral, filtrada ou fervida (mas já fria) uma colher pequena de sal e uma colher grande (tipo sopa), de açúcar. Ofereça o soro em pequenas quantidades ao longo do dia, conforme orientação médica.
Como prevenir a diarreia
Às vezes, pode ser inevitável cair vítima da situação. Porém, alguns cuidados podem minimizar as chances:
- Higienize bem os alimentos que for consumir e beba apenas água potável.
- Evite o consumo de carnes cruas ou mal cozidas.
- Siga uma dieta equilibrada na maior parte do tempo e não abuse de álcool, café e outras substâncias laxativas.
- Observe se você sente desconfortos após comer algum tipo de alimento (leite e derivados, por exemplo).
- Para os bebês, faça a transição alimentar a partir dos seis meses e priorize a amamentação.
- Mantenha a hidratação, principalmente nos dias mais frios, que sentimos menos sede, mas precisamos de água.
O que acontece se a diarreia não for tratada?
A falta de cuidados pode levar à desidratação, que é potencialmente mortal em crianças pequenas e idosos. Por isso, procure um médico se a diarreia persistir por mais de três dias ou se tiver com alguma característica diferente: esverdeada, amarelada, com sangue ou pus.
Quais médicos devo procurar?
Clínico geral, gastroenterologista ou um coloproctologista pode ajudar a diagnosticar e tratar a diarreia. Já para as crianças, vale buscar ajuda de um pediatra.
Fonte: Rogério Alves, gastrohepatologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo; referências: Biblioteca Virtual em Saúde; e Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Chron (ABCD).