Diabetes tipo MODY: sintomas, diagnóstico, tratamento e mais
De todos os tipos de diabetes, o MODY talvez seja um dos menos conhecidos. Embora seja mais raro, é uma condição que exige a mesma atenção dos demais. “O diabetes tipo MODY costuma se manifestar na idade mais precoce do que estamos acostumados a ver. Normalmente, é diagnosticado na infância, adolescência ou em adultos jovens”, explica Francisco Tostes, endocrinologista da Nutrindo Ideais.
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Qual a diferença entre o diabetes tipo MODY e as outras formas da doença?
“Diferentemente dos outros, ele é transmitido de forma hereditária, com padrão de herança autossômico dominante, enquanto os tipos 1 e 2 possuem herança multifatorial. Apesar de ambos ocorrerem entre família, o padrão de herança é diferente e, portanto, a conduta médica muda”, esclarece o geneticista Alexandre Lucidi.
Em outras palavras, se um dos pais tem a mutação no gene, um filho tem 50% de chance de herdá-la deles. “Se uma criança herdar a mutação, ela pode desenvolver MODY antes dos 25 anos, independentemente de seu peso, estilo de vida, grupo étnico etc. No caso do diabetes tipo 2, por exemplo, a herança é multifatorial e a obesidade e o sedentarismo são fatores modificáveis”, acrescenta Lucidi.
Mecanismo do MODY
Como resultado da mutação genética, que pode afetar genes diferentes, a pessoa possui deficiência do hormônio insulina, responsável pelo controle da glicose no sangue. Dessa forma, há tipos variados de MODY, afirma Francisco Tostes.
De acordo com o Online Mendelian Inheritance in Man (OMIM), um banco de dados utilizado em Genética Médica, o MODY é atualmente categorizado em 14 subtipos, cada um associado a mutações em diferentes genes.
“É interessante que 7,3% dos casos de MODY são mutações novas. Ou seja, alterações no DNA que surgem em um indivíduo sem que nenhum dos seus progenitores apresentem a mesma alteração. E muitos pacientes com mutações em GCK, um dos genes associados, podem não apresentar história familiar”, acrescenta Alexandre Lucidi.
Sintomas do diabetes tipo MODY
Ambos os especialistas alegam que a severidade do quadro varia de acordo com o subtipo de MODY. Mas, em geral, os indivíduos com a doença possuem hiperglicemia em diversas nuances: umas mais leves e outras que podem causar complicações ao pâncreas.
Como realizar o diagnóstico?
Segundo Lucidi, é importante suspeitar se o indivíduo apresenta hiperglicemia antes dos 25 anos e/ou histórico de diabetes na família ante dos 25 anos em duas ou três gerações.
“Quando há esse tipo de quadro, o diagnóstico é por meio de exame de sangue, seguindo os critérios de corte para a glicemia de jejum, após sobrecarga de glicose e hemoglobina glicada”, acrescenta Tostes.
No entanto, além dos exames laboratoriais, pode ser necessário um teste genético para identificar o tipo de mutação da MODY. “Na minha opinião, é necessário melhorar o acesso à medicina de qualidade, de precisão. E entender que a genética médica não é o final da investigação. Muitas vezes os pacientes são consultados por sete especialistas até chegar ao médico geneticista e ao diagnóstico de uma doença genética”, pontua Lucidi.
Dessa forma, além do endocrinologista, é válido buscar a opinião de um geneticista para compor o diagnóstico. Assim, o tratamento também consegue ser mais assertivo para atender à deficiência de cada pessoa.
Tratamento
“Em alguns casos, é possível fazer o controle apenas com dieta, em outros com medicação oral, sendo as sulfonilureias as mais utilizadas. Contudo, certos pacientes necessitam de insulina”, explica Tostes.
Além disso, o acompanhamento frequente com o endocrinologista é essencial para monitorar a saúde e a necessidade aderir a novos cuidados.