Diabetes tipo 2 e depressão: encontrando equilíbrio

Equilíbrio Saúde
12 de Julho, 2023
Diabetes tipo 2 e depressão: encontrando equilíbrio

Cada pessoa com diabetes tipo 2 pode dizer o quão complexo é de viver com a  condição, mas quando esta existe associada à depressão, os obstáculos podem parecer  ainda mais difíceis de superar.  

Estudos mostram que as pessoas com diabetes tipo 2 têm uma maior prevalência de depressão em comparação com a população geral. Aproximadamente 20% a 30% das  pessoas com diabetes tipo 2 também sofrem de depressão, uma taxa significativamente  maior do que aqueles sem diabetes. Além disso, há evidências de que pessoas com  depressão têm um risco maior de desenvolver diabetes tipo 2. É fundamental  reconhecer essa associação e buscar suporte adequado para o bem-estar emocional e  físico. 

Alterações emocionais e comportamentais em pessoas com depressão:  impactando diretamente o manejo do diabetes tipo 2 

A presença de diabetes tipo 2 e depressão pode levar a uma série de alterações  emocionais e comportamentais. Isso inclui a perda de motivação para cuidar do  diabetes, dificuldade em aderir às mudanças no estilo de vida, negligenciar a medicação,  falta de interesse em atividades antes prazerosas, isolamento social, sentimentos de  culpa e ansiedade. Esses desafios podem agravar o manejo do diabetes e aumentar o  risco de complicações. 

Comportamentos depressivos podem ter um impacto significativo no manejo do  diabetes tipo 2. A falta de motivação e energia pode levar a uma menor adesão ao plano  de tratamento, incluindo a medicação prescrita, a alimentação saudável e a prática de  atividades físicas. Além disso, a depressão pode afetar negativamente os níveis de  açúcar no sangue, aumentando a resistência à insulina e tornando o controle glicêmico  mais desafiador. 

Diabetes distress não é depressão

É importante distinguir o que diz respeito ao diabetes distress e à depressão. O  diabetes distress refere-se ao estresse emocional e às preocupações específicas relacionadas ao autocuidado e ao manejo do diabetes. Por outro lado, a depressão é  uma condição de saúde mental que envolve sentimentos persistentes de tristeza, perda  de interesse, alterações no sono e apetite, falta de energia e baixa autoestima. Embora  o diabetes distress possa contribuir para o desenvolvimento da depressão, são duas  entidades distintas que requerem atenção e abordagens adequadas. 

Viver com depressão e diabetes tipo 2 pode apresentar algumas dificuldades  específicas. Embora cada pessoa possa enfrentar desafios diferentes, algumas das  principais dificuldades enfrentadas por aqueles que vivem com essas condições  combinadas incluem: 

  • Adesão ao tratamento: A depressão pode diminuir a motivação e a energia,  tornando difícil para a pessoa seguir o plano de tratamento do diabetes, como  tomar medicamentos regularmente, monitorar o açúcar no sangue e seguir uma  dieta saudável. A falta de adesão ao tratamento pode agravar ambos os  problemas de saúde. 
  • Gerenciamento do estresse: Tanto a depressão quanto o diabetes tipo 2 podem  ser agravados pelo estresse. A pressão emocional e as preocupações do dia a dia  podem interferir no controle adequado do diabetes e exacerbar os sintomas da  depressão. Gerenciar o estresse pode exigir estratégias específicas para evitar  que ele afete negativamente a saúde física e mental. 
  • Automedicação: Algumas pessoas com depressão podem recorrer a  comportamentos de automedicação, como consumo excessivo de álcool ou uso  de substâncias ilícitas, como uma forma de lidar com a angústia emocional. Essas  estratégias podem prejudicar ainda mais o controle do diabetes e agravar a  saúde mental. 
  • Autoestima e autoimagem: Tanto a depressão quanto o diabetes tipo 2 podem  impactar a autoestima e a autoimagem. Os efeitos físicos do diabetes, como  ganho de peso ou problemas de pele, podem afetar a confiança e a aceitação do  próprio corpo. A depressão pode intensificar esses sentimentos negativos,  levando a uma baixa autoestima. 
  • Isolamento social: A depressão muitas vezes leva à retirada social e ao  isolamento. O sentimento de tristeza e a falta de interesse em atividades podem afastar as pessoas de relacionamentos e atividades sociais, o que pode levar à  solidão. O isolamento social pode dificultar a busca de apoio e a participação em  grupos de suporte para o diabetes. 

É importante reconhecer essas dificuldades e buscar apoio adequado para enfrentá-las.  Um plano de tratamento abrangente, que inclua o cuidado físico e emocional, pode  ajudar a superar esses desafios e melhorar a qualidade de vida para aqueles que vivem  com depressão e diabetes tipo 2. 

Estratégias para o cuidado físico que auxiliam na melhora da depressão

  • Praticar exercícios físicos: A prática regular de atividades físicas, mesmo que seja  uma caminhada leve, pode ter um impacto positivo na saúde emocional. A  liberação de endorfinas durante o exercício pode melhorar o humor e aliviar os  sintomas da depressão. Encontrar uma atividade física prazerosa, como dançar,  pode tornar o exercício uma experiência emocionalmente gratificante.
  • Adotar hábitos alimentares saudáveis: Uma alimentação equilibrada e nutritiva  é essencial para controlar o diabetes e promover a saúde mental. Evitar  alimentos altamente processados e dar preferência a refeições balanceadas  pode melhorar o humor, aumentar a energia e contribuir para a estabilidade  emocional. Cuidar da alimentação é uma forma de cuidar de si mesmo em níveis  físicos e emocionais. 
  • Regulação e higiene do sono: Estabelecer uma rotina de sono saudável e garantir  uma boa qualidade de sono pode contribuir para melhorar os sintomas da  depressão. Aqui estão algumas maneiras pelas quais a higiene do sono pode  ajudar a melhorar a depressão em pessoas com diabetes tipo 2. Ao melhorar a  higiene do sono, as pessoas podem experienciar redução da fadiga, melhorar no  humor e na disposição durante o dia.  

Estratégias para o cuidado emocional que auxiliam na melhora da depressão

As psicoterapias que utilizam a fala como meio de identificação e elaboração do  sofrimento podem desempenhar um papel fundamental no tratamento de pessoas que  vivem com depressão e diabetes tipo 2. Essas abordagens terapêuticas oferecem uma oportunidade de explorar e lidar com os desafios emocionais associados a essas  condições de forma mais profunda. 

Aqui estão algumas maneiras pelas quais essas  terapias podem ser benéficas: 

  • Identificação e mudança de padrões de pensamento negativos: ajudando a  identificar e desafiar padrões de pensamento negativos e distorcidos que podem  contribuir para a depressão. Pessoas com diabetes tipo 2 e depressão podem ter  crenças negativas sobre si mesmas, sua saúde ou seu futuro. A terapia pode  ajudar a questionar e substituir esses padrões de pensamento negativos por  pensamentos mais realistas e positivos, promovendo uma visão mais saudável e  otimista. 
  • Desenvolvimento de habilidades de enfrentamento: as terapias que utilizam a  fala podem fornecer às pessoas estratégias eficazes de enfrentamento para lidar  com o estresse, a tristeza e a ansiedade associados à depressão e ao diabetes  tipo 2. O terapeuta pode ensinar habilidades de manejo do estresse, técnicas de  relaxamento e estratégias para lidar com emoções difíceis, capacitando a pessoa  a enfrentar os desafios de forma mais adaptativa e saudável. 
  • Exploração do impacto emocional do diabetes: Viver com diabetes tipo 2 pode  ser emocionalmente desafiador. A terapia pode fornecer um espaço seguro para  explorar e expressar as emoções relacionadas ao diabetes, como frustração, raiva, medo ou tristeza. Ao falar sobre essas emoções, a pessoa pode  encontrar maneiras de processá-las, reduzindo seu impacto negativo na saúde  mental. 
  • Promoção de adesão ao tratamento: A depressão pode prejudicar a motivação  e a adesão ao tratamento do diabetes. A terapia pode ajudar a pessoa a  identificar barreiras emocionais que dificultam a adesão e a encontrar  estratégias para superá-las. Além disso, o terapeuta pode trabalhar em parceria  com a equipe médica para promover uma abordagem integrada ao tratamento,  garantindo que as necessidades emocionais sejam abordadas juntamente com o  cuidado físico. 
  • Suporte emocional: As terapias que utilizam a fala fornecem um espaço seguro  e confidencial para expressar sentimentos, preocupações e dificuldades  emocionais. O terapeuta oferece suporte emocional e compreensão, ajudando a pessoa a se sentir ouvida e validada em suas experiências. Essa conexão  terapêutica pode trazer alívio emocional e fortalecer a resiliência no  enfrentamento da depressão e do diabetes tipo 2. 

É importante ressaltar que cada pessoa é única, e a terapia deve ser adaptada às  suas necessidades individuais. Um profissional de saúde mental qualificado pode avaliar  e recomendar a melhor abordagem terapêutica para cada caso específico,  proporcionando suporte emocional e ajudando a pessoa a encontrar um caminho  saudável para lidar com a depressão e o diabetes tipo 2. 

Referências: 

  1. Fisher L, et al. Diabetes Distress But Not Clinical Depression or Depressive  Symptoms Is Associated With Glycemic Control in Both Cross-Sectional and  Longitudinal Analyses. Diabetes Care. 2010;33(1):23-28. 
  2. Lustman PJ, et al. Depression and poor glycemic control: A meta-analytic review  of the literature. Diabetes Care. 2000;23(7):934-942. 
  3. Gonder-Frederick LA, et al. Depression Mediates Glucose Control But Not Mood State Monitoring or Monitoring Adherence in Type 1 and Type 2 Diabetes. J  Consult Clin Psychol. 2006;74(3):459-469. 
  4. Anderson, R. J., Freedland, K. E., Clouse, R. E., & Lustman, P. J. (2001). The  prevalence of comorbid depression in adults with diabetes: a meta-analysis.  Diabetes Care, 24(6), 1069-1078. 
  5. Nouwen, A., Winkley, K., Twisk, J., Lloyd, C. E., Peyrot, M., Ismail, K., … & Pouwer,  F. (2010). Type 2 diabetes mellitus as a risk factor for the onset of depression: a  systematic review and meta-analysis. Diabetologia, 53(12), 2480-2486. 
  6. Katon, W. J., & Maj, M. (2003). The relationship between depression and  diabetes. Current Psychiatry Reports, 5(1), 26-30.

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