Dia do cérebro: entenda sobre o envelhecimento do cérebro
- 1. Dia do cérebro: mitos
- 2. Dia do cérebro: verdades
- 3. Manter hábitos relacionados à atividade intelectual, como ler e estudar, reduz as chances de desenvolver demência
- 4. A prática de atividades físicas também pode contribuir para o cérebro
- 5. Alimentação desregulada e excesso de álcool podem influenciar diretamente no envelhecimento do cérebro
Hoje, 22 de Julho, é comemorado o Dia do Cérebro. A data foi criada com o intuito de alertar sobre questões que envolvem o órgão e suas doenças.
Assim como qualquer outro órgão do corpo humano, o cérebro também passa por alterações e mudanças ao longo dos anos e envelhece com o tempo. As alterações são não apenas estruturais, mas também funcionais. Nos cérebros idosos, por exemplo, ocorre uma perda de sintonia entre as regiões.
Para esclarecer algumas curiosidades sobre a saúde do cérebro e o envelhecimento cerebral, o Dr. Marcelo Valadares, médico neurocirurgião da Disciplina de Neurocirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e do Hospital Albert Einstein, listou alguns mitos e verdades sobre o tema. Confira abaixo:
Dia do cérebro: mitos
Exames preventivos podem evitar o envelhecimento do cérebro
Até o momento, não existem exames que possam prevenir o envelhecimento do cérebro. Dessa forma, as recomendações são relacionadas à prevenção de problemas de saúde. Mas alguns exames podem ser úteis quando existem alterações neurológicas perceptíveis, como problemas de memória e de atenção.
Já existem formas de prevenir o desenvolvimento das doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson.
Infelizmente, ainda não existe uma forma clara de frear processos degenerativos no cérebro, principalmente quando doenças como Alzheimer e Parkinson já foram identificadas.
Porém, segundo o neurocirurgião entrevistado, existem condições de saúde que podem reduzir o risco do desenvolvimento destas doenças. “Adotar um estilo de vida mais saudável desde cedo, com alimentação balanceada, prática de atividades físicas e evitando o excesso de bebidas alcoólicas, por exemplo, pode reduzir o risco de doenças neurodegenerativas”, diz o médico.
Suplementação com DHA é essencial para prevenção do envelhecimento cerebral
O DHA é um ácido-graxo que faz parte do chamado ômega 3, complexo de 3 tipos diferentes de substâncias muito importantes para o organismo. Ele pode ser obtido por meio do leite materno e de alimentos como óleos de peixes.
No entanto, a decisão de suplementar ou não DHA além do que já é obtido naturalmente na alimentação, deve ser avaliada caso a caso, com orientação médica e nutricional. “O DHA está presente em nosso corpo e é parte essencial de nosso cérebro, mas ainda não está claro se consumi-lo pode ajudar no funcionamento do organismo. Como dito anteriormente, é importante ressaltar que também não existe, até o momento, uma forma de prevenir o envelhecimento do cérebro”, finaliza o Dr. Valadares.
Dia do cérebro: verdades
O tamanho do cérebro pode diminuir com a idade.
A redução do volume do cérebro com a idade é comum durante o envelhecimento. Isso se deve à diminuição no número de células, entre elas, os neurônios, que são os principais responsáveis pelo funcionamento do órgão. “Além disso, acontece também uma diminuição das conexões entre os neurônios. Esta alteração do volume cerebral também é chamada de atrofia e pode ser maior ou menor, de acordo com outras condições de saúde, que variam para cada pessoa”, explica o Dr. Marcelo Valadares.
O estilo de vida pode influenciar
Sem dúvidas, um cérebro jovem deve ser estimulado e bem cuidado. “A forma como se estimula o cérebro hoje, impacta diretamente no amanhã. Por isso, o cuidado deve ser físico, mental e emocional, uma vez que as emoções e a cognição estão ligadas às conexões entre os neurônios. Hábitos de vida saudáveis associados a um sono regular, evitando estresse e ansiedade, são cuidados essenciais”, afirma o Dr. Marcelo Valadares.
Manter hábitos relacionados à atividade intelectual, como ler e estudar, reduz as chances de desenvolver demência
Sim, é verdade: manter vivos hábitos como ler e estudar parecem estar relacionados a um menor risco de desenvolver demências ou, ao menos, de resistir aos sintomas em seu início. O neurocirurgião explica que a principal hipótese para explicar o mecanismo é chamada de reserva cognitiva. “Estudos indicam que, quem estimula o cérebro, teria mais conexões entre seus neurônios e maior capacidade de processamento da informação. Essa reserva seria fundamental diante da morte de neurônios ligada ao envelhecimento ou a doenças, suprindo a função que seria perdida normalmente”, afirma.
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A prática de atividades físicas também pode contribuir para o cérebro
Diversas pesquisas apontam que a atividade física moderada está associada com menores índices de atrofia do cérebro. Ou seja: o cérebro de quem faz exercício físico pode ser maior daqueles que não fazem. Pesquisadores também acreditam que isso também signifique um risco menor de doenças neurodegenerativas.
Alimentação desregulada e excesso de álcool podem influenciar diretamente no envelhecimento do cérebro
Tanto o consumo excessivo de álcool, quanto açúcares e alimentos processados em excesso podem influenciar o cérebro. Entre mudanças possíveis estão: alterações na capacidade cognitiva em qualquer idade; aumento na atividade inflamatória, afetando especialmente pessoas idosas. De acordo com médico da Unicamp, pesquisas apontam que evitar alimentos do tipo em excesso pode preservar a estrutura e as funções cerebrais. Por fim, no caso do álcool, especificamente, podem ocorrer alterações profundas nos neurotransmissores.
Fonte: Dr. Marcelo Valadares, médico neurocirurgião da Disciplina de Neurocirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e do Hospital Albert Einstein.