Dezembrite: entenda sobre a síndrome do final de ano
Dezembro é marcado por férias, verão, e as datas mais esperadas: o Natal e Ano Novo. Época onde as pessoas costumam se reunir com os familiares. No entanto, para aquelas pessoas que perderam entes queridos, esse período pode ser doloroso. Inclusive, existe até um nome para essa condição: “dezembrite”.
O problema também é conhecido como Síndrome de final de ano ou Síndrome de depressão natalina. Inclusive, o tema surgiu a partir de um estudo publicado há 40 anos, em 1982, pela Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos.
Dessa forma, um dos motivos para que o final de ano seja um “gatilho” para algumas pessoas é a necessidade socialmente imposta de se sentir feliz nesta fase do ano. Além disso, o período do Natal e do Ano Novo é marcado por reencontros familiares, o que pode ser estressante ou entristecedor. “Isso pode acontecer pela má relação com parentes ou pela perda de algum ente querido, que não está mais presente na data, por exemplo”, explica o médico psiquiatra e diretor da SIG Residência Terapêutica, Dr. Ariel Lipman.
Causas da Dezembrite
Causas da Dezembrite: saudade dos que já se foram
A saudade pode apertar ainda mais no final de ano. “Por isso, muitas pessoas acabam se entristecendo nessa época, pois lembram de pessoas que já se foram, é como reviver o luto”, comenta o psiquiatra.
“A situação certamente será ainda pior quando é o primeiro Natal ou virada de ano em que uma pessoa passa sem alguém querido, o que é natural”, complementa ele.
Além disso, pessoas que não mantêm boas relações com suas famílias também podem sofrer nesse período e, consequentemente, ter dezembrite.
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Sensação de solidão pode se agravar
A solidão pode se manifestar em pessoas que vivem sozinhas e não têm contato com familiares, por exemplo. Segundo o Dr. Ariel, muitas vezes elas vivem bem, mesmo sozinhas, mas durante as festas ficam mais deprimidas.
Entretanto, a solidão pode aparecer de diversas formas e não somente em pessoas que vivem sozinhas, uma vez que , apesar da proximidade física, tem gente que pode sentir-se emocionalmente distante dos demais.
“O sentimento de solidão não é incomum no final do ano e, ao contrário do que as pessoas possam pensar, não se sente assim só quem vive sozinho ou não tem familiares próximos, pois pessoas com famílias aparentemente bem estruturadas também podem ser atingidos por essa sensação”, explica o psiquiatra.
Necessidade de se sentir feliz e grato o tempo todo
A chamada “positividade tóxica” pode ser muito observada nessa época do ano. Ela é, resumidamente, uma postura assumida por algumas pessoas, a qual consiste em escapar ou silenciar qualquer tipo de sensação negativa. Sendo assim, é possível testemunhar esse tipo de comportamento por parte de alguns, afinal, é socialmente imposto que a época das festas é necessariamente um tempo feliz para todos.
Porém, sabe-se que isso não é verdade, visto que nem todas as pessoas têm condições de comemorar ou motivos para celebrar. “Essa obrigação de se sentir feliz no fim do ano é algo que pode causar ansiedade em muitos. A pessoa que não compartilha desse espírito de comemoração pode se sentir desconcertada ou como se tivesse algo de errado com ela. Mas é preciso entender que não é um dever comemorar ou estar bem no fim do ano e que cada pessoa é uma pessoa e está tudo bem não compartilhar das festividades alheias”, esclarece o médico.
“É importante dizer também que quando pensamos em festa de final de ano, estamos pensando também em um ciclo que se encerra, ou seja, é normal ficar ansioso pelas promessas do ano que está chegando e até triste por não ter conseguido cumprir tudo o que queria no ano que está acabando”, finaliza o Dr. Ariel.
Fonte: Dr. Ariel Lipman, médico psiquiatra e diretor da SIG Residência Terapêutica.