Depressão pós-parto: Taxa de casos dobrou na pandemia
O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) realizou um estudo com 184 mulheres que deram à luz durante a pandemia da Covid-19. Os resultados mostraram que 38,8% delas tiveram depressão pós-parto. Dessa forma, o índice é praticamente o dobro do período pré-pandemia no Brasil, quando girava em torno de 20%. Além disso, a pesquisa revelou que 14% das puérperas tiveram ideações suicidas no período.
Depressão pós-parto
A depressão pós-parto é caracterizada por sentimentos de extrema tristeza, ansiedade, solidão, desesperança, pensamentos suicidas e sentimentos de desconexão da criança. Sendo assim, pode ocorrer de semanas a meses após o parto.
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Estima-se que 85% das novas mães sentem tristeza após o nascimento do bebê. Entretanto, para 16% das mulheres, essa tristeza é grave o suficiente para ser diagnosticada como um tipo de depressão.
Como a pesquisa funcionou
A pesquisa foi feita por meio de questionários entregues a mulheres que foram atendidas no Hospital das Clínicas da FMUSP e no Hospital Universitário da USP. Entre os principais fatores para a depressão pós-parto relatados por elas, estavam a apreensão pela possível falta de leitos hospitalares, a ausência do parceiro e a ansiedade. Já a ideação suicida também esteve associada. Além da ansiedade com as formas de receber informação sobre a Covid-19, como, por exemplo, através de amigos.
“Esse é um estudo de extrema importância, que revela outras consequências seríssimas da pandemia, além dos casos de Covid-19 em si. Atravessar a gravidez, parto e pós-parto em um período tão difícil para toda a sociedade acabou, claramente, afetando as gestantes e puérperas. É preciso entender todos os fatores envolvidos para dar a melhor assistência a elas”, afirma o pesquisador Marco Aurélio Galleta, Professor do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da FMUSP.
De acordo com a pesquisa, também estiveram associados à depressão pós-parto outros fatores. Por exemplo, brigas em casa, tempo de isolamento, preocupação com o parto e com as notícias. O número de horas diárias de informações sobre a pandemia também teve impacto sobre a saúde mental das gestantes e puérperas. Pacientes que tiveram ideações suicidas procuraram, em média, 4,5 horas de informação diária sobre a pandemia, contra duas horas em média daquelas que não apresentaram esse quadro.