Dengue é mais grave em crianças, mostra estudo da Fiocruz
Um estudo do Observatório de Saúde na Infância, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) indica que a dengue é mais grave e letal em crianças de até cinco anos de idade. De acordo com a pesquisa, as mortes pela doença nesta faixa etária ocorrem 5 vezes mais do que entre crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, o grupo elegível atualmente para ser vacinado. Por enquanto ainda não há imunizante contra a doença voltado para os primeiros anos de vida.
Leia mais: Água sanitária ajuda no combate à dengue? Qual a quantidade ideal?
Dados sobre a pesquisa da Fiocruz
Primeiramente, o estudo da Fiocruz analisou dados do Sinan (Sistema de Agravos de Notificação) do Ministério da Saúde nas 10 primeiras semanas epidemiológicas de 2024 (até 9 de março). A pesquisa considerou os casos que ocorreram em crianças e adolescentes de 0 a 14 anos.
Como resultado, os números revelam que a infecção por dengue na infância é mais grave e letal em bebês e crianças de até cinco anos de idade, embora essa faixa etária concentre o menor número de casos. Desse modo, as taxas são as seguintes:
- 0 a 5 anos: mortalidade de 15,4 a cada 100 mil habitantes.
- 5 a 9 anos: mortalidade de 5,0 a cada 100 mil habitantes.
- 10 a 14 anos: mortalidade de 3,0 a cada 100 mil habitantes.
Assim, nas dez primeiras semanas epidemiológicas que o Observa Infância analisou, houve 52 óbitos por dengue em crianças entre 0 e 14 anos. Deste total, 44,2% das vítimas tinham menos de cinco anos. A faixa entre 5 e 9 anos representou 32,7% dos óbitos e, de 10 a 14 anos, 23,1% das mortes. Os percentuais demonstram uma diminuição gradativa da proporção de óbitos com o aumento da idade.
Por que a dengue é mais grave em crianças?
Pesquisadores apontam que o número maior de óbitos em bebês e crianças de até cinco anos tem relação com a formação do sistema imunológico, que ainda está em desenvolvimento. Outra explicação é a demora do diagnóstico. Isso porque trata-se de uma faixa etária que ainda tem dificuldade de verbalizar os sintomas, e as mudanças comportamentais, como perda de apetite e prostração. Os sintomas pode, inclusive, confundirem-se com um resfriado. Muitas vezes, os pais acabam medicando com algo caseiro e, quando percebem, a doença já se instalou de forma mais grave.
De acordo com o Ministério da Saúde, além de pessoas com mais de 65 anos, bebês de até dois anos, gestantes, lactantes e portadores de doenças crônicas têm risco maior de desenvolver complicações. Assim, todo o indivíduo que apresentar febre (39°C a 40°C) com início repentino acompanhada de duas das seguintes manifestações – dor de cabeça, prostração, dores musculares e dor atrás dos olhos – devem procurar um serviço de urgência imediatamente.
Além disso, contaminações sucessivas aumentam a chance do quadro se agravar, principalmente quando há infecção com um sorotipo seguida por outra infecção com sorotipo diferente. Ainda não existe nenhum tratamento para a dengue: é feito o manejo dos sintomas e hidratação vigorosa.
Referência: Fiocruz.