Dá para manter os dentes originais até a velhice? Especialista opina
O envelhecimento dos dentes é um assunto pouco discutido e lembrado. Contudo, eles se deterioram com o passar do tempo. Então, o cuidado precoce é indispensável para manter a saúde bucal livre de uma situação precoce. Mas, será que dá para manter os dentes originais até a velhice ou para sempre?
Com tanta exposição a substâncias químicas e traumas ao longo da vida, esta é uma pergunta interessante. A resposta é sim — porém, os hábitos saudáveis e diários determinarão a longevidade dos seus dentes.
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Como manter os dentes originais e preservar a saúde bucal
De acordo com a periodontista Manuela Netto, além da rotina saudável, você precisar saber algo importante. “Como podemos identificar se temos uma boa saúde bucal? Alguns sinais podem ajudar a autoavaliação”, afirma a especialista. São eles:
- Ausência de sangramento gengival, de halitose (mau hálito).
- Ausência de dores e lesões na boca que demoram para cicatrizar.
- Integridade dos dentes.
Segundo Manuela, outro ponto importante é o sensorial. A língua é o “policial da boca” e é possível treiná-la para otimizar e garantir uma escovação eficiente.
“Minha dica é passar a língua por todos os dentes sentindo a textura da superfície após a higiene oral. Regiões ásperas requerem nova escovação, pois permaneceram sujas, já as regiões lisas são a garantia de limpeza correta. Dessa forma, a qualidade da escovação se transforma e o tempo investido em autocuidado se traduz em saúde, especialmente se associado a um acompanhamento periódico ao dentista”, explica a periodontista.
Vale também lembrar que a escovação da língua é muito importante.
Quantidade é diferente de qualidade
Muita gente acredita que é necessário escovar os dentes várias vezes ao dia, mas se esquecem de priorizar a qualidade da prática. “Não traz saúde bucal escovar os dentes diversas vezes ao longo do dia, de forma incorreta ou incompleta. Por isso, é fundamental uma orientação individualizada do seu dentista quanto à técnica e acessórios necessários para o seu caso”, orienta a profissional.
Todavia, existem algumas dicas gerais que podem manter os dentes originais e livres de intervenções funcionais. “Por exemplo, utilizar o fio dental, que remove 40% da placa bacteriana dos dentes de regiões que a escova não alcança. Assim, quando a escova começar o trabalho, as substâncias terapêuticas da pasta dental conseguirão acessá-las mais facilmente”, ensina.
Outra recomendação é evitar o uso de escovas de dentes com cerdas mais duras e forçar a escovação, pois causam uma escavação traumática. Tal cuidado também se aplica ao uso do fio dental para evitar cortar ou empurrar a gengiva.
Afinal, movimentos de vai e vem causam fissuras gengivais e não limpam de forma eficiente a placa bacteriana depositada entre os dentes.
Outras dicas para manter seus dentes originais
Embora tenham conquistado popularidade, as pastas clareadoras podem prejudicar o esmalte dental. Portanto, precisam ser evitadas se não houver prescrição.
Além disso, a alimentação colabora para dentes saudáveis ou não. Ingredientes ricos em açúcar, com muitas substâncias ácidas, produtos industrializados e ultraprocessados são alguns exemplos para reduzir ou cortar do cardápio.
Para prevenir possíveis doenças bucais, como a gengivite, periodontite, entre outras, faça visitas regulares ao dentistas. Nesses encontros, você receberá orientações para melhorar a saúde bucal, como escolher a escova ideal, a maneira correta de higienizar os dentes e o que evitar para preservar seu sorriso.
Doenças que ameaçam a integridade dos dentes e da boca
Cárie, periodontite e envelhecimento bucal precoce são as principais doenças bucais nos dentes. As duas primeiras, causadas por placa bacteriana, a prevenção se dá pela higiene oral em casa, boa alimentação e acompanhamento com o dentista.
Já a terceira é decorrente do estilo de vida: dietas ácidas, estresse e ansiedade, que geram apertamento dentário e bruxismo, e qualidade do sono. Ela ocorre quando há um desgaste, ou seja, a boca exibe uma idade mais avançada do que a idade do paciente. O acompanhamento com o dentista torna-se ainda mais importante, já que em geral quase não tem placa bacteriana e o tratamento exige mudanças na rotina.
Condições como bruxismo podem ser aliviadas a partir de atividades relaxantes. Por exemplo, meditação, yoga, psicoterapia, entre outras, além da higiene e do sono.
Algumas destas doenças não são facilmente identificáveis em casa como a periodontite. Além disso, durante consultas de revisão periódicas, o profissional poderá diagnosticar diversos outros fatores como a presença de cáries, sinais de desgaste dental, fratura de restaurações, lesões de tecido mole, monitoramento preventivo do câncer bucal e infecções oportunistas como candidíase ou herpes.
Fonte: Manuela Netto, cirurgiã dentista pós-graduada em periodontia pelo IOPUC – RJ, mestre em ciência de materiais pelo Instituto Militar de Engenharia (IME-RJ) e treinadora da Swiss Dental Academy.