Covid e câncer: vacinação pode ajudar no tratamento da doença
Um estudo das universidades de Bonn (Alemanha) e Shanxi (China) fez uma descoberta útil para pacientes com câncer de nasofaringe que possuem restrições para se vacinar contra o Covid-19. A princípio, pessoas com esse tipo de enfermidade utilizam medicamentos que reforçam a imunidade para combater o tumor. Basicamente a terapia evita que o as células malignas “enganem” o receptor PD-1, que são um tipo de anticorpo.
Com isso, o corpo consegue lutar com os agentes cancerígenos, pois os anticorpos recebem proteção da droga terapêutica. Porém, o que se temia era que a composição da vacina não fosse compatível com o medicamento.
Contudo, a pesquisa publicada no Annals of Oncology revela exatamente o oposto. Vacinar pacientes com câncer de nasofaringe para a evitar a infecção do Covid-19 pode até melhorar a resposta dos fármacos.
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Covid e câncer: critérios e achados do estudo
Para a pesquisa, os cientistas reuniram mais de 1.500 voluntários com câncer de nasofaringe em tratamento na China. Parte desses pacientes recebeu a vacina Coronavac, de origem chinesa, enquanto a outra não foi vacinada.
Como resultado, os pesquisadores viram que a vacina não só otimiza o efeito da terapia anti-PD-1, 1, mas pode estimular a resposta imunológica de forma geral.
Assim, os pacientes podem receber a Coronavac sem comprometer o avanço do tratamento. Afinal, o câncer de nasofaringe deixa as vias aéreas enfraquecidas e amplia a oportunidade para o vírus se disseminar no organismo.
Todos os pacientes com câncer podem tomar a vacina?
O estudo acima se refere apenas a pessoas com câncer de nasofaringe que tomaram a Coronavac. Isso pode gerar o questionamento sobre outros tipos de câncer e demais fornecedores da vacina.
Muitas pesquisas mostram que indivíduos com a enfermidade têm maior risco de apresentar complicações graves da Covid-19. Mas, até agora, a ciência pouco sabe sobre a relação entre câncer e vacina — se os pacientes em tratamento podem receber os imunizantes ou se eles são realmente efetivos para esse grupo, por exemplo, são algumas das dúvidas.
Por outro lado, um estudo do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, e da Universidade de Genebra, na Suíça, parece ter descoberto os primeiros indícios positivos. Isso porque o artigo sugere que a vacinação protege, sim, os acometidos pelo câncer. Saiba mais:
O trabalho, publicado no periódico Cancer Cell, avaliou 131 pacientes com câncer que receberam imunizantes contra o coronavírus que usam a tecnologia de mRNA (como o da Pfizer e o da Moderna).
De três a quatro semanas após a segunda dose, 94% deles desenvolveram uma boa resposta imunológica. Entretanto, outras vacinas e as variantes do Sars-CoV-2 não foram examinadas.
Os cientistas envolvidos na pesquisa ressaltam a importância de cumprir o esquema vacinal para assegurar a proteção frente ao coronavírus, sobretudo nesses indivíduos. “Fala-se que uma dose traria uma defesa adequada em certas situações. Mas isso pode não ser verdade no caso de pessoas com câncer. O protocolo completo é importante para uma resposta robusta de anticorpos”, afirma Dimpy Shah, epidemiologista que assina o estudo.