Câncer e cansaço excessivo: por que a doença debilita os pacientes?
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), estima-se que existirão 704 mil novos casos de câncer até 2025 no Brasil. A doença é um problema de saúde pública mundial, e seu impacto é alvo constante de estudos. Dentre eles os sintomas, que são silenciosos ou inespecíficos nos estágios iniciais. Contudo, com a evolução e diagnóstico, os pacientes com câncer relatam cansaço extremo, uma consequência da enfermidade e do próprio tratamento.
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Por que o câncer causa tanto cansaço?
Juliana Pimenta, médica oncologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, explica que o câncer é, por si só, uma enfermidade debilitante. Afinal, as células cancerosas costumam “roubar” muita energia do organismo.
“Principalmente a doença metastática, que se instala em outros órgãos do corpo. Tanto a doença como os agentes quimioterápicos provocam alterações na imunidade, que se refletem na queda de plaquetas e, consequentemente, em quadros de anemia”, diz a especialista.
Embora o desconforto provoque desânimo e outros sintomas, como perda de apetite, náusea e mudanças no sono, Juliana alega que a intensidade desse estado diminui com o passar dos dias. “Dependendo das condições de saúde do paciente e do tipo de terapia administrada, os efeitos perdem força depois de cinco a sete dias de sessão”, esclarece.
No entanto, quem está sob cuidados precisa fazer exames frequentes para monitorar a saúde. Isso porque o tratamento pode afetar negativamente as células saudáveis do corpo. Como disse a especialista da BP, a anemia é um produto desse processo, e pode reduzir a quantidade de oxigênio na corrente sanguínea.
Logo, com menos oferta de oxigênio e nutrientes indo para os órgãos, sentir cansaço é uma reação esperada.
Saúde mental influencia a saúde física
O tratamento contra o câncer não é apenas uma luta corporal. A incerteza sobre o futuro, as mudanças no corpo, dores e todo o contexto desgastam demais a saúde mental.
Não à toa, muitos pacientes enfrentam distúrbios como depressão e ansiedade, que também colaboram para o cansaço físico e a falta de disposição.
Então, observar o todo e entender que o indivíduo precisa de apoio familiar e psicológico podem fazer a diferença na qualidade de vida. Com mais suporte e otimismo, é possível focar mais na recuperação do que nos efeitos negativos do processo.
Para abreviar os desconfortos, Juliana recomenda a ingestão generosa de líquidos, pois o quadro de desidratação é comum, e atividade física. “Se o paciente tiver condições para se exercitar, certamente sentirá menos as reações da doença e das terapias. É muito importante incentivar o movimento, por menor que seja”, reforça.
Por exemplo, caminhadas curtas, alongamentos e até atividades coletivas, como aulas de dança, são capazes de injetar mais disposição.
Outras formas de reduzir o cansaço em pacientes com câncer
Incentivar a exposição diária ao sol, de preferência antes das 10h da manhã. O contato com a luz natural ajuda a equilibrar os hormônios, além de ser um ativo para a produção de vitamina D.
Priorizar uma alimentação com ingredientes naturais e nutritivos. Sem dúvida, a dieta é uma grande aliada de quem está em tratamento contra o câncer. Evitar alimentos industrializados e ultraprocessados e apostar em um cardápio repleto de frutas, vegetais, hortaliças e grãos pode prevenir a anemia e outras complicações decorrentes da enfermidade.