Câncer de pênis no Brasil causou 459 amputações do órgão em 2022
A saúde íntima ainda é um tabu para os homens. Uma prova disso é que os meninos vão 18 vezes menos ao urologista do que as meninas ao ginecologista. É o que aponta um levantamento de 2022 da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), que compartilhou outro alerta. Embora seja baixa em relação a outros tipos, a incidência do câncer de pênis no Brasil é uma preocupação para a saúde pública.
Afinal, a condição se enquadra em um dos tipos de câncer preveníveis. De janeiro a novembro de 2022, 1.933 homens receberam o diagnóstico da doença, sendo 459 precisaram amputar o membro.
“De 2007 a 2022, foram realizadas no SUS 7.790 amputações de pênis decorrentes de câncer, o que equivale a uma média de 486 procedimentos por ano. O número pode ser maior, visto que os dados continuam em constante atualização e só registram casos até novembro de 2022″, diz um trecho do comunicado da SBU.
Veja também: O que é o gêmeo parasita, anomalia que ocorre na gestação
Câncer de pênis no Brasil também é mortal
Além das amputações, que por si só afetam muito a qualidade de vida do homem, o câncer de pênis fez vítimas fatais. Em 2020, estima-se que 463 homens tenham morrido pela doença — o maior número desde 2007.
Por que o quadro ainda é um problema no país?
A falta de informação em conjunto com o preconceito dificultam a conscientização sobre o câncer de pênis. Isso se reflete na concentração de casos em determinadas regiões — o Norte e o Nordeste, por exemplo, são os mais afetados.
O acesso escasso à saúde básica nesses locais também colabora e potencializa os motivos citados acima.
Doença é prevenível e os homens precisam saber disso
As principais causas do câncer de pênis são parte do estilo de vida do homem. Falta de higiene adequada e infecção pelo HPV adquirida por meio do sexo sem proteção, por exemplo, figuram entre elas.
No começo, o homem pode sofrer com balanite e balanopostite, duas inflamações que atingem o pênis. A primeira causa lesões na glande, pele que recobre o prepúcio. Por sua vez, a balanopostite prejudica não apenas a glande, mas também o prepúcio.
Entretanto, as inflamações recorrentes causadas pela higiene inadequada contribuem para a progressão de um câncer local, sobretudo quando não há tratamento.
Quando o câncer de pênis se instala, surgem lesões na glande ou na face interna do prepúcio — justamente onde se manifestam a balanite e balanopostite.
Os sintomas são bem similares aos da inflamações: coceira, queimação, dor ao urinar e mau cheiro. Contudo, o que pode ser um sinal de diferenciação entre câncer e tais infecções é a dificuldade de cicatrização das feridas.
Outra evidência é o aumento dos linfonodos locais, que resultam no inchaço do órgão genital e até dos membros inferiores em alguns casos.
Principalmente se o homem realizou o tratamento e o quadro persiste. Então, se for negligenciado, o câncer de pênis evolui e compromete o órgão, que leva à necessidade da amputação.
Vacina contra o HPV: proteção para evitar complicações
O Ministério da Saúde anunciou que a vacina quadrivalente que protege contra quatro tipos de HPV passaria a ser oferecida também para meninos, na faixa de 11 a 14 anos. Anteriormente a vacina só era oferecida para meninas de 9 a 14 anos.
Crianças de 11 a 12 anos devem receber duas doses da vacina contra o HPV, com intervalo de 6 a 12 meses. Já os adolescentes que iniciam a série de vacinas contra o HPV a partir dos 15 anos precisam de três doses, administradas durante 6 meses.
Além disso, todas as pessoas até 26 anos de idade devem receber a vacina contra o HPV se ainda não estiverem totalmente vacinadas. Todavia, a vacinação contra o HPV não vale para quem possui mais de 26 anos de idade. Afinal, mais pessoas nessa faixa etária já foram expostas ao HPV.
Mas há exceções. Alguns adultos de 27 a 45 anos que ainda não tomaram a vacina podem optar pela vacina após falar com o médico sobre o risco de novas infecções por HPV e os possíveis benefícios da vacinação.
“Vacinar-se é uma forma de demonstrar cuidado e respeito por si mesmo e com os outros. Sem falar que é o meio mais eficaz de proteger-se contra o vírus do papiloma humano”, salienta Marco César Rodrigues Roque, diretor técnico da Clínica de Vacinas Salus Imunizações.
Exames preventivos: outro aliado contra o câncer de pênis no Brasil
O check-up de saúde é a melhor forma de identificar doenças prévias e com sintomas inespecíficos. Embora o acesso à saúde seja precário em muitos lugares do Brasil, é urgente a conscientização sobre os cuidados preventivos — aqueles exames que deveríamos fazer todo ano ou a cada semestre.
No caso dos homens, a visita ao urologista é essencial para diagnosticar doenças como o câncer de próstata a partir dos 40 anos e o de pênis, que atinge indivíduos com 50 anos ou mais.
No entanto, por mais que a prevalência dessas neoplasias seja maior em homens mais velhos, não quer dizer que os abaixo dessa faixa etária não devam se cuidar. Pelo contrário: alguns indivíduos podem desenvolver doenças em qualquer idade.
Portanto, olhar para a saúde mesmo que aparente estar “tudo bem” evita desfechos desagradáveis, como a amputação de um órgão tão importante como o pênis.