Brincar funcional: o que é e quais são os benefícios
Uma das grandes dificuldades da família de crianças com neurodiversidades é saber como brincar com seus filhos. Isso porque muitas vezes a criança não engaja com as atividades ou tem dificuldades em variar as brincadeiras. O brincar funcional é uma ótima maneira de lidar com isso, pois traz o desenvolvimento do lúdico, da criatividade, da comunicação social e da interação com crianças e adultos.
O brincar funcional envolve usar objetos de um modo que é apropriado à sua função. Como por exemplo, andar com carrinho na pista, fazer o avião voar, chutar a bola, dar comidinha na colher para a boneca, fazer a boneca dormir como bebê.
“Muitas vezes os pais não sabem como variar o repertório de brincadeiras”, destaca a neuropsicóloga Bárbara Calmeto, diretora do Autonomia Instituto.
Importância das brincadeiras
As brincadeiras, os jogos e os brinquedos estão na vida das crianças desde bem pequenas e fazem parte da principal função da vida delas.
“O processo de brincar com crianças típicas ocorre de forma muito natural, elas interagem e a brincadeira acontece. Ninguém precisa ensinar exatamente o processo de brincar porque é inerente à vida dela. Além disso, as crianças com desenvolvimento típico dão as funções apropriadas aos objetos e compartilham as atividades com outras pessoas que estão na brincadeira. Mas as crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), normalmente, apresentam déficits na comunicação e interação social. Com isso, apresentam dificuldades no brincar funcional e compartilhado”, explica Bárbara.
Ela lembra ainda que, muitas vezes, elas apresentam dificuldades de variação nas brincadeiras e até nos brinquedos. ”Algumas crianças com TEA até brincam ao lado de outras, usando os mesmos brinquedos. Mas não conseguem brincar com outras crianças compartilhando os brinquedos e mais ainda, não conseguem compartilhar as brincadeiras”, diz.
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Benefícios do brincar funcional
Abaixo, a neuropsicóloga explica os benefícios do brincar funcional para a crianças com Autismo:
- Faz a criança compreender melhor o mundo ao seu redor;
- Proporciona interação social;
- Favorece a criatividade;
- Estimula a concentração e a alternância de turno;
- Desenvolve aspectos cognitivos;
- Melhora a coordenação motora;
- Prepara a criança para novas aprendizagens;
- Amplia o repertório de outras habilidades.
Mas como estimular esse brincar funcional para crianças neurodiversas?
A neuropsicóloga ressalta que o ideal é buscar o interesse da criança, para saber como ela quer brincar, e em cima disso a gente vai ampliando o repertório de brincadeiras, mas de uma maneira natural.
“Brincadeiras simples como as do tipo sensório-social [atividades nas quais o adulto e a criança se envolvem alegremente e frente a frente, numa atividade altamente social] funcionam muito bem, pois o adulto e a criança se envolvem juntos. A partir daí a gente começa a ampliar as atividades, como encaixe simples, argola na haste, bolinha dentro do pote, brinquedos de causa e efeito, martelar, etc”, explica.
Fonte: Bárbara Calmeto, neuropsicóloga e diretora do Autonomia Instituto.