AVC na adolescência: entenda a morte de cantor de 13 anos
O cantor e ator Arthur Singer, de 13 anos, morreu após sofrer um acidente vascular cerebral. De acordo com a mãe do jovem, os médicos que o atenderam identificaram uma má formação de nascença que não foi identificada anteriormente. Mas afinal, é comum AVC em adolescentes? Entenda.
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Quais são as causas de AVC na adolescência?
De acordo com o Dr. José Marcos Vieira de Albuquerque Filho, neuropediatra e neurologista, o AVC hemorrágico ocorre quando há sangramento no sistema nervoso central, seja dentro do próprio cérebro ou fora dele.
Desse modo, a causa mais comum na população geral é a hipertensão arterial sistêmica não controlada. Porém, até por não ser uma doença comum na infância e na adolescência, outras causas passam a se sobrepor nesses grupos:
- Malformações arteriovenosas
- Cavernoma (isto é, uma alteração vascular)
- Tumores que sangram
- Trombose Venosa Cerebral.
AVC na adolescência x Adultos
Segundo o Dr. Leonardo Augusto Carbonera, neurologista, as causas de AVC em crianças e adolescentes são um pouco diferentes das causas nos adultos. Nos adultos, a maioria dos casos são secundários, devido à pressão alta, diabetes, problemas de colesterol, uso de cigarro ou álcool, sedentarismo, obesidade, entre outros fatores.
Por outro lado, nas crianças, principalmente bebês e crianças pequenas, o mais comum são causas cardíacas, o coração fraco, como nos referimos, a insuficiência cardíaca ou alguma outra anormalidade que forme coágulos que podem ir para dentro da cabeça obstruindo as artérias.
Quais são os sintomas?
O Dr. José Marcos explica que as malformações vasculares muitas vezes não são diagnosticadas por serem, em muitos casos, assintomáticas. Na infância, a apresentação mais comum costuma ser de cefaleia e de crise epiléptica. Alguns casos mais graves podem vir com alteração de consciência, que pode variar de confusão mental até mesmo um coma. A maioria dos casos nem sempre é fatal, como a de Arthur Singer, mas depende da localização e do tempo de tratamento da hemorragia. Veja, então, os principais sintomas:
- Fraqueza de um lado do corpo
- Dificuldade de fala
- Dificuldade de equilíbrio
- Perda de visão
- Sensibilidade de um lado do corpo.
“Pedimos para a pessoa sorrir para ver se há alguma assimetria no sorriso. Em seguida, pedimos para a pessoa abraçar e observar se um dos braços está mais fraco que o outro. Por fim, pedimos para cantar uma música ou falar uma frase e observar se ela tem alguma dificuldade na pronúncia da fala. Se algum desses três sinais forem positivos, o SAMU ou o serviço de ambulâncias da sua cidade deve ser acionado”, ensina o Dr. Leonardo.
Quais são os riscos?
Ainda segundo o Dr. Leonardo, quando o AVC é causado por uma ruptura de uma artéria ou má formação das artérias e o caminho que o sangue faz está fora do que é esperado, causa uma fragilidade da artéria. Desse modo, se não houve tratamento, essa má formação poderá causar novos AVCs hemorrágicos ou mesmo isquêmicos. “Então, é necessário realmente tratar a causa, porque além de tudo, o AVC deixa sequelas”, afirma.
Tratamento do AVC na adolescência
O tratamento do AVC vai depender do tipo. Por exemplo, se for o isquêmico, é necessário chegar o mais rápido possível ao hospital para tentar abrir essa artéria e iniciar o tratamento.
Por outro lado, o AVC do tipo hemorrágico é mais grave. Assim, é preciso estancar o sangramento da cabeça de alguma forma. Em ambos os casos, o paciente deve ser levado ao hospital imediatamente para poder ser feito o tratamento.
“O importante nesses casos é não perder tempo, uma vez que a pessoa, tanto criança, adolescente ou adulto, que tiver esses sintomas alterados, deverá ser encaminhada para o hospital com urgência. Sempre cabe a gente lembrar que qualquer alteração neurológica, – alteração de força, sensibilidade, fala, que comece de uma hora para outra, precisa com urgência de atendimento médico em um hospital, de preferência um centro de AVC”, afirma o Dr. Leonardo.
Como prevenir?
Por fim, a prevenção do AVC em adolescentes também depende do tipo. “Como o AVC em crianças e adolescentes tem causas muito variadas, às vezes a pessoa tem alguma má formação e pode só descobrir realmente quando ocorrer a ruptura. A gente não costuma fazer e nem deve, em virtude de ser uma condição rara, fazer a procura de más formações dentro das artérias em todas as pessoas, a não ser daqueles que tem um histórico”, afirma o neurologista.
Fontes:
- Dr. José Marcos Vieira de Albuquerque Filho, neuropediatra e neurologista do Hospital Japonês Santa Cruz (SP);
- Dr. Leonardo Augusto Carbonera, neurologista da Rede Brasil AVC.