Gravidez e menopausa aumentam risco de AVC, afirma especialista
Durante o período gestacional e da menopausa, os hormônios mexem bastante com o corpo da mulher. O que poucas pessoas sabem é que nem todas as alterações são positivas. Assim, um fato não muito explorado é o aumento do risco de AVC na gravidez e menopausa.
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A afirmação em questão foi dada pelo neurocirurgião Victor Hugo Espindola em entrevista ao programa Tarde Nacional, da EBC Rádios. De acordo com o médico, ainda não há um consenso de que essa parte da população sofre com um risco maior de derrame, no entanto, a gravidez por si só predispõe a formação de trombos.
“Esse é o estado fisiológico da gravidez. E o trombo nada mais é do que um coágulo que vai obstruir uma artéria, e essa artéria obstruída pode provocar um AVC. Fora que na gravidez também tem maior risco de eclâmpsia, que é o aumento da pressão durante a gestação, podendo gerar o AVC hemorrágico”, aponta.
Já na menopausa, o risco aumenta porque há uma baixa de estrogênio (hormônio) durante o período. Espindola explica que o estrogênio regula um pouco o colesterol. Sendo assim, aumenta o lipídio bom e diminui o ruim. “Na menopausa, como o estrogênio abaixa, acontece essa inversão e tem o aumento do ruim. Isto pressupõe a formação de placa de gordura e, consequentemente, há obstrução das artérias e vem o AVC”, afirma o médico.
AVC na gravidez ou menopausa: mais detalhes
Se engana quem pensa que o risco aumentado de AVC ocorre apenas em um período específico da gestação. Pelo contrário: é preciso ter cuidado durante todo o processo gestacional. Segundo o médico, toda gravidez é trombogênica. Especialmente no final, se a pessoa gestante não manteve o período controlado, próximo ao parto, ela tem maior risco ao AVC hemorrágico.
Além disso, a terapia de reposição hormonal também pode não ser uma boa ideia. De acordo com Espindola, diversos estudos comprovam que este procedimento pode aumentar as chances de derrame. Dessa forma, é importante lembrar que cada caso precisa ser individualizado e analisado pelo médico para que assim aconteça o tratamento correto.
Veja alguns dos sintomas clássicos do AVC:
- Perda de força em um lado do corpo;
- Alteração da voz;
- Boca torta;
- Alteração de sensibilidade e fala.
Os hábitos influenciam o diagnóstico
80% dos diagnósticos de AVC são evitáveis, afinal, a maioria acontece por fatores de risco. Sendo assim, usar a alimentação ao seu favor é uma ótima dica para se manter saudável e sem riscos de derrame. O neurocirurgião conta que a obesidade é um dos principais fatores, logo, a parte nutricional é muito importante.
Além disso, o diabetes e a hipertensão arterial também conseguem melhorias se o paciente mantiver uma boa alimentação. Por isso, cuidar dessas questões ajuda a diminuir as chances de derrame. “É um acompanhamento multifatorial, com vários especialistas. A gente não pode olhar só para a parte hormonal, a parte de nutrição também é muito importante”, diz Espindola.
Por fim, o médico alerta sobre a falta de conhecimento sobre o derrame. “O AVC, de modo geral, ainda é muito negligenciado pela sociedade. Tem poucas informações, são muitos sintomas que passam despercebidos e a gente deixa de tratar com o paciente porque as pessoas não conseguem reconhecer os sintomas e encaminhar o paciente rápido para o hospital”.
Em caso de suspeita ou qualquer sintoma, procure ajuda imediata! Disque 192 (SAMU).