Apraxia da fala: o que é, sintomas, causas e tratamento
- 1. Quais são os tipos e causas de apraxia da fala?
- 2. Qual é a diferença entre autismo e apraxia da fala?
- 3. Quais as manifestações clínicas que podem ocorrer com a Apraxia da fala?
- 4. Por que falar é tão difícil para estas crianças?
- 5. A partir de qual idade o diagnóstico de apraxia da fala é identificado?
- 6. Quem pode diagnosticar apraxia de fala na infância?
- 7. Como é feito o tratamento?
- 8. Como a família pode ajudar a criança?
A apraxia da fala é um distúrbio motor que acomete, como o próprio nome diz, a fala de crianças. Como consequência, os pequenos têm dificuldade em pronunciar e organizar os sons das palavras. A criança até consegue pensar o que pretende comunicar, mas o cérebro tem dificuldades para fazer o planejamento e a programação da sequência de movimentos motores da mandíbula, lábios e língua para formar sílabas, palavras e frases. Em outras palavras, ela parece não compreender o papel da boca durante a sua rotina.
Dessa forma, sintomas como baixo repertório de palavras, dificuldades em pronunciá-las – principalmente termos muitos extensos – podem indicar apraxia da fala. Na maioria dos casos, as crianças conseguem entender a linguagem com eficiência, mas a pronúncia não é feita com a mesma qualidade.
Por isso, é fundamental fazer um diagnóstico completo com especialistas, como o fonoaudiólogo. Entenda mais detalhes sobre a doença com o Dr. Renan Gila, fonoaudiólogo do Hospital Santa Catarina.
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Quais são os tipos e causas de apraxia da fala?
Existem dois tipos de apraxia de fala: apraxia de fala na infância e a apraxia de fala adquirida. Confira as diferenças:
- Apraxia de fala na infância: as principais causas são: transtornos do neurodesenvolvimento, lesões, infecções neurológicas e metabólicas antecedentes ao nascimento e, por critério de exclusão, causa idiopática (desconhecida);
- Apraxia de fala adquirida: decorrente de alguma lesão neurológica, seja por acidente vascular encefálico, tumores cerebrais e/ou traumatismos craneoencefálicos.
Qual é a diferença entre autismo e apraxia da fala?
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é considerado um transtorno global do neurodesenvolvimento e afeta, sobretudo, as habilidades sociais e comunicativas de uma criança com o diagnóstico. A criança com TEA possui dificuldades na interação social, mantém interesses restritos e comportamentos repetitivos (estereotipados), e o seu diagnóstico é realizado por equipe multiprofissional (médico, fonoaudiólogo, neuropsicólogo).
Já a apraxia de fala é uma alteração que não afeta as habilidades sociais de uma criança com o diagnóstico. Muitas vezes, o pequeno com apraxia não interage como esperado devido suas dificuldades na produção da fala, mas não há interesses restritos e comportamentos repetitivos em seu desenvolvimento. É importante ressaltar que os diagnósticos podem ser simultâneos, isto é, uma criança com TEA pode ter apraxia de fala.
Quais as manifestações clínicas que podem ocorrer com a Apraxia da fala?
De forma geral, o principal sintoma é a dificuldade da criança em sequencializar corretamente os sons da fala. Por outro lado, os bebês têm mais dificuldades para expressar as vogais. Dessa forma, uma criança com apraxia da fala costuma reproduzir palavras com erros que não são esperados.
Além disso, o problema pode aumentar de acordo com o nível de dificuldade do termo. Por exemplo: é esperado que a palavra “papai” seja pronunciada pela criança com mais facilidade do que o termo “liquidificador”. Nunca é demais lembrar que os erros dos pequenos não são sempre os mesmos. Eles variam de acordo com as tentativas de acerto das palavras.
As crianças com apraxia costumam ficar mais caladas e têm dificuldades em socializar. Mas, também são muito inteligentes e espertas nas brincadeiras. Isso ocorre porque a doença afeta somente o desenvolvimento correto da fala, e não outras habilidades sociais e comunicativas.
Por que falar é tão difícil para estas crianças?
A apraxia é uma alteração que afeta o planejamento dos sons da fala. A criança por muitas vezes pode saber o que quer dizer, mas não consegue organizar e planejar quais sons são responsáveis pela produção da palavra que deseja.
Por isso, mesmo que ela pense e queira dizer “água”, há uma falha na seleção dos sons responsáveis pela palavra, tendo como resultado erros na produção: ásua, átoa, ácua”, “págua”, por exemplo. Da mesma forma, repetir os sons de outras pessoas também é muito complicado, por isso os erros são constantes.
A partir de qual idade o diagnóstico de apraxia da fala é identificado?
O diagnóstico é realizado de forma longitudinal, ou seja, é feito um acompanhamento por vários meses do desenvolvimento da fala de uma criança. Geralmente, a investigação é feita quando a criança tem entre dois a quatro anos. Nesse período, é possível descobrir alterações no vocabulário do pequeno.
É normal que alguns erros e trocas nos sons da fala sejam esperados em determinadas idades, portanto, apenas o fonoaudiólogo especializado está apto a realizar o diagnóstico correto.
Quem pode diagnosticar apraxia de fala na infância?
Por se tratar de uma doença classificada dentro dos transtornos de fala, o profissional responsável pelo diagnóstico é o fonoaudiólogo. O papel do especialista é identificar todas as habilidades comunicativas alteradas da criança e os sinais clínicos que foram responsáveis pelo diagnóstico de apraxia.
É necessária uma avaliação minuciosa da fala, linguagem, motricidade oral, bem como praxias orais verbais e não-verbais, uma vez que o diagnóstico é bastante complexo.
Como é feito o tratamento?
Além do fonoaudiólogo, o tratamento é feito em conjunto com as pessoas que fazem parte da rotina da criança, uma vez que as habilidades comunicativas estão presentes em todos os ciclos da vida.
Em grande parte dos casos, os resultados são de longo prazo. Para que tudo ocorra sem problema, é necessário fazer uma avaliação e diagnóstico corretos, ter adesão ao tratamento e regularidade no processo terapêutico.
Como a família pode ajudar a criança?
O papel da família é essencial na reabilitação deste transtorno. Por isso, é importante que o fonoaudiólogo oriente a família sobre as singularidades do caso e as principais pistas para ajudar a criança com apraxia, como terapias utilizando-se palavras-chave na comunicação que possuam pouca complexidade (palavras menores e com menos variação de sons presentes).
Fonte: Dr. Renan Gila, fonoaudiólogo do Hospital Santa Catarina.