Ansiedade e diabetes tipo 2: o desafio silencioso da saúde mental

Saúde
07 de Julho, 2023
Ansiedade e diabetes tipo 2: o desafio silencioso da saúde mental

Estudos recentes têm evidenciado uma associação significativa entre diabetes  tipo 2 e ansiedade. A carga emocional e as demandas diárias da condição podem  contribuir para o desenvolvimento de transtornos de ansiedade em pessoas com  diabetes.  

A associação entre os sintomas de ansiedade e os sinais e sintomas específicos  do diabetes tipo 2 pode ser complexa. Ambas as condições podem apresentar sintomas  que se sobrepõem ou se confundem. 

O diabetes tipo 2 é uma condição crônica que envolve desregulação dos níveis  de açúcar no sangue e pode causar sintomas como fadiga, aumento da sede, micção  frequente, perda de peso inexplicada e dificuldade na cicatrização de feridas. Esses  sintomas são diretamente atribuídos à doença metabólica. 

Por outro lado, a ansiedade é um transtorno mental caracterizado por  preocupação excessiva, inquietação, dificuldade de concentração, tensão muscular,  irritabilidade e alterações no sono. Esses sintomas podem ser confundidos com sinais  de desequilíbrio glicêmico, como a hiperglicemia, que pode causar nervosismo,  irritabilidade e fadiga. 

Embora não haja estudos específicos que abordem a sobreposição direta dos  sintomas de ansiedade com os sinais e sintomas do diabetes tipo 2, a literatura científica  reconhece a associação entre as duas condições. De acordo com pesquisas, estima-se  que a prevalência de ansiedade nesta população varie entre 20% e 40%, sendo  consideravelmente mais alta do que na população em geral. 

Pesquisadores especialistas nesse campo enfatizam a importância de uma  abordagem integrada no cuidado de pessoas com diabetes, considerando tanto a saúde  física quanto a mental. 

Diante desse cenário, apresentamos algumas estratégias de enfrentamento para  as duas condições:

Educação e informação 

Um dos primeiros passos para lidar com a ansiedade é entender melhor a  condição do diabetes tipo 2. Busque informações confiáveis sobre a doença, seus sintomas, tratamento e medidas de autocuidado. Converse com seu médico, participe  de grupos de apoio e esteja sempre atualizado(a) sobre as últimas pesquisas e  descobertas na área. 

Exemplo: Reserve um tempo todas as semanas para ler artigos em fontes  confiáveis sobre diabetes tipo 2 e participe de um grupo de apoio local onde você  pode compartilhar experiências e aprender com outras pessoas que vivem com a  mesma condição.

Estabeleça uma rotina equilibrada

Ter uma rotina regular pode ajudar a reduzir a ansiedade. Procure estabelecer  horários fixos para as refeições, atividades físicas, medicação e descanso. Isso trará uma sensação de controle e estabilidade, reduzindo os níveis de estresse

Exemplo: Crie uma agenda semanal onde você define horários específicos  para as suas refeições, toma os medicamentos sempre no mesmo horário e  estabelece uma rotina de exercícios pela manhã antes do trabalho.

Pratique exercícios físicos regularmente

A prática regular de exercícios físicos é benéfica tanto para o controle glicêmico  quanto para o bem-estar emocional. A atividade física libera endorfinas,  neurotransmissores que promovem sensações de prazer e relaxamento. Encontre uma  atividade que você goste e inclua-a em sua rotina diária. 

Exemplo: Reserve 30 minutos todas as manhãs para uma caminhada ao  ar livre no parque próximo à sua casa. Leve um amigo ou coloque seus fones de  ouvido e desfrute de um momento de atividade física e relaxamento.

Alimentação saudável e equilibrada

Uma dieta balanceada desempenha um papel fundamental no controle do  diabetes tipo 2. Além de ajudar a regular os níveis de açúcar no sangue, uma  alimentação saudável também pode influenciar positivamente o estado de humor.  Consulte um nutricionista para criar um plano alimentar adequado às suas necessidades. 

Exemplo: Planeje suas refeições com antecedência, prepare lanches  saudáveis, como frutas frescas ou vegetais cortados, e evite alimentos processados e ricos em açúcar. Faça um diário alimentar para acompanhar sua  ingestão de carboidratos e ajustar sua dieta conforme necessário.

Práticas de relaxamento e mindfulness

Aprender técnicas de relaxamento, como meditação, respiração profunda e ioga,  pode ajudar a reduzir os sintomas de ansiedade. O mindfulness, por exemplo, permite  que você esteja presente no momento atual, focando na sua respiração e nas sensações  do seu corpo, diminuindo a preocupação com o futuro. 

Exemplo: Encontre um local tranquilo em sua casa, sente-se  confortavelmente, feche os olhos e concentre-se na sua respiração, inspirando  profundamente pelo nariz e expirando pelo nariz lentamente. Faça isso por cinco  minutos todas as manhãs para começar o dia com calma e clareza mental.

Busque apoio profissional

Se a ansiedade persistir ou interferir significativamente na sua qualidade de vida,  não hesite em procurar ajuda profissional. Psicólogos e psiquiatras são especialistas em  saúde mental e podem oferecer orientação, terapia e, se necessário, medicação para  auxiliar no tratamento da ansiedade. 

Exemplo: Agende uma consulta com um psicólogo especializado em saúde  mental e diabetes para obter apoio emocional adicional e aprender estratégias  específicas para lidar com a ansiedade associada ao diabetes tipo 2. 

A ansiedade é uma comorbidade comum em pessoas com diabetes tipo 2, mas não precisa ser uma barreira intransponível. Ao adotar estratégias de enfrentamento  adequadas e buscar apoio, é possível conviver bem com o diabetes e minimizar os  impactos emocionais da condição.  

Lembre-se de que cada pessoa é única, portanto, experimente diferentes  abordagens e descubra quais funcionam melhor para você. Cuide da sua saúde mental  tanto quanto cuida da sua saúde física e permita-se viver uma vida plena e equilibrada,  mesmo com o diabetes tipo 2. 

Referências:

  1. Smith KJ, Béland M, Clyde M, et al. Association of diabetes with anxiety: a  systematic review and meta-analysis. J Psychosom Res. 2013;74(2):89-99. doi:  10.1016/j.jpsychores.2012.11.013 
  2. Grigsby AB, Anderson RJ, Freedland KE, et al. Prevalence of Anxiety in Adults  with Diabetes: A Systematic Review. J Psychosom Res. 2002;53(6):1053-1060.  doi: 10.1016/S0022-3999(02)00417-8

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