Anemia e câncer infantil: qual a relação e a diferença entre ambos
Muitos pais e responsáveis ficam ansiosos ou com receio quando a criança está com anemia e o pediatra a encaminha para um hematologista. Em diversos casos, a relação entre anemia e câncer vem à mente. Afinal, o hematologista é comumente associado à leucemia, um tipo severo de câncer. No entanto, Fernanda Marinho, médica hematologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, afirma que não há razões para se desesperar. Antes de mais nada, a função do hematologista é identificar e tratar doenças que acometem o sangue. Por exemplo, existem as patologias benignas, que são a maioria das causas de alteração no sangue. A mais popular é a anemia, que possui diversos tipos e variedades.
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Anemia e câncer: qual a relação?
Há uma crença de que uma anemia sem o devido tratamento pode levar à leucemia. Contudo, Marinho alega que isso não é verdade, mas que um paciente com leucemia pode desenvolver a anemia como consequência da doença.
Apesar de ser uma enfermidade grave que inspira cuidados intensivos, os pais não devem se precipitar com alterações nos exames das crianças. “É normal que os pediatras encaminhem os pequenos ao hematologista após notarem algo diferente no sangue. Mas o importante é continuar o acompanhamento com frequência e realizar exames de rotina. Um simples hemograma pode identificar claramente sinais iniciais de uma anemia, até quadros mais complexos de leucemia”, explica.
Qual a diferença entre ambas?
A principal diferença entre anemia e leucemia é que a primeira não é um câncer. Ou seja, a anemia é causada pela deficiência de nutrientes, sobretudo ferro, zinco, B12 e proteínas. No entanto, a anemia causada pela falta de ferro, denominada anemia ferropriva, é mais comum que as demais. Atualmente, estima-se que 42% das crianças com menos de 5 anos de idade e 40% das mulheres grávidas em todo o mundo são anêmicas. As crianças, gestantes e lactantes são, inclusive, o público mais afetado pela doença.
Por sua vez, a leucemia é uma enfermidade agressiva, que ataca os glóbulos brancos e provoca mutações e o crescimento anormal dessas células. Como resultado, esse desequilíbrio pode causar hemorragias, contusões e anemia, devido à perda sanguínea. Outra diferença é que a leucemia pode ser crônica, que se desenvolve lentamente, ou aguda, que costuma piorar mais rápido. Existem mais de 12 tipos de leucemia, sendo as mais comuns: leucemia mieloide aguda, mieloide crônica, linfocítica aguda e linfocítica crônica.
Fonte: Fernanda Marinho, médica hematologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo; Referência: Instituto Nacional de Câncer (INCA).