Alzheimer: a importância do diagnóstico e tratamento
A doença de Alzheimer é um transtorno degenerativo comum e incurável, com 100 mil novos casos diagnosticados por ano no Brasil¹. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a estimativa é que o número de pessoas afetadas pela condição em todo o mundo deve dobrar até 2030 e triplicar até o ano de 2050².
A doença é mais comum em idosos, mas também pode afetar pessoas mais jovens³, de acordo com o Dr. Bruno Della Ripa Rodrigues Assis, médico neurologista. Por isso, o diagnóstico precoce seguido do tratamento adequado da doença é fundamental4.
O que é o Alzheimer e como ele age no cérebro?
O Alzheimer é uma doença de caráter degenerativo e progressivo, sendo a principal representante de um grupo de doenças denominadas demências4. Ela se manifesta por meio de problemas com a memória e dificuldade em lembrar informações recentemente aprendidas4.
Entre as funções cognitivas afetadas pelo Alzheimer, a principal é a memória5. No entanto, durante o progresso da doença, outras áreas também são atingidas, como atenção, função executiva, linguagem, entre outras6.
Quais são as causas?
O avanço da idade é o maior fator de risco para o desenvolvimento da doença de Alzheimer4. A maioria das pessoas diagnosticadas com a doença tem 65 anos de idade ou mais4. Além disso, fatores genéticos também influenciam4. “Também tem um risco multifatorial, com fatores modificáveis e não modificáveis, como a ocorrência de comorbidades, perda auditiva, transtorno depressivo, insônia crônica, baixa escolaridade7, entre outros”.
Além disso, existem fatores de risco modificáveis para o desenvolvimento do Alzheimer, como estilo de vida e saúde cardiovascular, especialmente o tabagismo, hipertensão arterial, dislipidemia, diabetes mellitus, obesidade e sedentarismo7.
Estágios do Alzheimer
De acordo com o neurologista, os estágios do Alzheimer podem ser caracterizados em inicial/leve, moderado e grave8. Há, ainda, a categorização a partir da escala CDR (Clinical Dementia Rating Scale)9. “Tais classificações são arbitrárias, sendo a CDR mais objetiva na sua avaliação. De modo geral, a classificação se dá a partir, principalmente, do grau de acometimento da memória do indivíduo acometido9”. Desse modo, no quadro inicial/leve (CDR 1), ocorrem alterações na memória, na personalidade e nas habilidades visuais e espaciais8.
Por outro lado, aponta o especialista, nos quadros moderados, há dificuldade para falar, realizar tarefas simples e coordenar movimentos, além de agitação e insônia8. Com a evolução para os quadros graves e terminais, surge resistência à execução de tarefas diárias, incontinência urinária e fecal, dificuldade para comer, deficiência motora progressiva, e, enfim, restrição ao leito, mutismo, dor ao engolir e infecções intercorrentes8.
Os principais sinais de Alzheimer
De acordo com o Dr. Bruno, os principais sinais que indicam o início do quadro de Alzheimer é o comprometimento da memória, em especial a episódica, ou seja, que remete a fatos ocorridos no tempo e no espaço na vida do indivíduo e do ambiente que o cerca4.
Além da perda de memória, outros sintomas comuns que os pacientes podem experimentar à medida que a doença progride incluem: disfunções das habilidades visual e espacial, comprometimento das funções necessárias para o planejamento e gerenciamento de pensamentos e emoções8, entre outros.
A importância do diagnóstico e tratamento do Alzheimer
A melhor possibilidade de prevenção do Alzheimer é a adoção de medidas de mudanças no estilo de vida, priorizando-se a prática habitual de atividades físicas, controle adequado de comorbidades, higiene do sono adequada e alimentação saudável10.
A condição é diagnosticada a partir do histórico, exames clínicos e neurológicos minuciosos, além de exames de neuroimagem (como a ressonância magnética do encéfalo) 11. Por vezes, a adoção de medidas complementares, como avaliação neuropsicológica, exames de imagem mais avançados e uso de biomarcadores podem auxiliar na conclusão de casos de maior dificuldade no diagnóstico assertivo11.
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Fonte: Dr. Bruno Della Ripa Rodrigues Assis, médico neurologista e coordenador da Neurologia no Hospital Nipo-Brasileiro.
Referências
- [1] – Brasil. Ministério da Saúde. Conhecer a demência, conhecer o Alzheimer: o poder do conhecimento – Setembro, Mês Mundial do Alzheimer [internet]. [acesso em 06 nov 2023]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/conhecer-a-demencia-conhecer-o-alzheimer-o-poder-do-conhecimento-setembro-mes-mundial-do-alzheimer/
- [2] – Nações Unidas Brasil. Alzheimer: mais de 35 milhões de pessoas sofrem com demência, número que triplicará até 2050, diz ONU [internet]. 2014 [acesso em 09nov2023]. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/67632-alzheimer-mais-de-35-milh%C3%B5es-de-pessoas-sofrem-com-dem%C3%AAncia-n%C3%BAmero-que-triplicar%C3%A1-at%C3%A9-2050
- [3] – Truzzi A, Laks J. Doença de Alzheimer esporádica de início precoce (Sporadic Early Onset Alzheimer´s Disease). Rev. Psiq. Clín. 2005;32(1):43-46.
- [4] – Alzheimer’s Association Brasil. Alzheimer e demência no Brasil [internet]. [acesso em 09nov2023]. Disponível em: https://www.alz.org/br/demencia-alzheimer-brasil.asp
- [5] – Araújo AMGD, Lima DO, Nascimento IP, Almeida AAF, Rosa MRD. Linguagem em idosos com doença de Alzheimer: uma revisão sistemática. Rev CEFAC. 2015;17(5):1657–63.
- [6] – Brasil. Ministério da Saúde. Doença de Alzheimer [internet]. 2011 [acesso em 06 nov 2023]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/doenca-de-alzheimer-3/
- [7] – Suemoto CK, Mukadam N, Brucki SMD, et al. Risk factors for dementia in Brazil: Differences by region and race. Alzheimers Dement. 2023;19(5):1849-1857.
- [8] – Brasil. Ministério da Saúde. Doença de Alzheimer [internet]. 2011 [acesso em 09 nov 2023]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/doenca-de-alzheimer-3/#:~:text=%E2%80%93%20Est%C3%A1gio%201%20(forma%20inicial)%3A,%C3%A0%20execu%C3%A7%C3%A3o%20de%20tarefas%20di%C3%A1rias.;
- [9] Pasternak E, Smith G. Cognitive and neuropsychological examination of the elderly. Handb Clin Neurol. 2019;167:89-104.
- [10] Yu JT, Xu W, Tan CC, Andrieu S, Suckling J, Evangelou E, et al. Evidence-based prevention of Alzheimer’s disease: systematic review and meta-analysis of 243 observational prospective studies and 153 randomised controlled trials. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 2020;91(11):1201-1209.
- [11] Schilling LP, Balthazar MLF, Radanovic M, Forlenza OV, Silagi ML, Smid J, et al.. Diagnóstico da doença de Alzheimer: recomendações do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia. Dement neuropsychol. 2022;16(3):25–39.
Publicado em: 06/11/2023
Parágrafos não referenciados correspondem à opinião e/ou prática clínica do autor.