Reganho de peso após o uso de Ozempic: como evitar?
O Ozempic vem dando o que falar desde 2021, quando começaram a circular vídeos sobre ele no TikTok. Desde então, o medicamento, que é aprovado para o tratamento do diabetes, passou a ser usado de forma off label para o emagrecimento – isto é, com indicação diferente da bula. O problema é que muita gente aposta no remédio sem prescrição ou acompanhamento médico, o que pode representar diferentes riscos à saúde. Outra possível consequência é o reganho de peso pós-Ozempic. Saiba mais:
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Reganho de peso pós-Ozempic
Realmente, pesquisas apontam que a semaglutida (princípio ativo do Ozempic) é sim eficaz na perda de peso. Uma delas, por exemplo, analisou o uso da mesma em 961 pacientes durante 68 semanas, e mostrou que eles apresentaram um emagrecimento de aproximadamente 17% do peso corporal.
Contudo, no mesmo estudo, os voluntários também foram instruídos a parar de usar a medicação, e acompanhados por mais 52 semanas. O resultado? Reganho de cerca de 67% do peso perdido. Além disso, os cientistas notaram que esse aumento de quilos não normalizou com o fim do estudo – ou seja, os participantes podem ter ganhado até mais.
Outra investigação, chamada de STEP 1, realizou uma abordagem diferente. Nela, os especialistas deram semaglutida para 800 indivíduos de mais de 10 países diferentes durante 20 semanas. Então, os dividiram em dois grupos:
- O primeiro entrou na fase de manutenção, isto é, recebeu doses bem menores de semaglutida apenas para conseguir manter o peso perdido;
- Já o segundo recebeu um placebo.
Ninguém sabia a qual grupo cada participante pertencia – nem mesmo os pesquisadores. Essa fase durou mais 48 semanas. Ao fim da análise, uma surpresa: quem ficou com a dose de manutenção perdeu em média 7,1kg e 6,4cm de cintura; enquanto quem recebeu o placebo ganhou cerca de 6,1kg e 3,3cm de cintura!
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Possíveis motivos
De acordo com a nutricionista Ramiele Calmon, mestre em nutrição e segurança alimentar, o Ozempic é um inibidor de apetite. “Ele funciona retardando o esvaziamento gástrico, dando a sensação de mais plenitude e saciedade”, explica.
Isso significa que ao usar o medicamento, a pessoa fica satisfeita com um volume menor de alimentos no prato. Assim, ela acaba comendo menos calorias nas refeições e atingindo o déficit calórico (ingerir menos do que gasta diariamente). Todo esse processo, a médio prazo, leva ao emagrecimento.
O problema é que sem o acompanhamento profissional adequado, a maioria dos indivíduos que usa o Ozempic por conta própria não trabalha questões essenciais para a manutenção do peso perdido, como consciência alimentar, mudança de hábitos e escolhas mais saudáveis.
“Aí, quando a pessoa para de tomar o remédio, ela ainda está com os mesmos hábitos, porém sem o remédio para ajudar na saciedade”, diz a nutricionista. Então, acontece o reganho de peso – às vezes, até mais do que ela estava inicialmente.
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Como evitar o reganho de peso pós-Ozempic?
Para a especialista, nada substitui os efeitos de uma mudança de hábitos e comportamentos. Portanto, para que o emagrecimento realmente seja efetivo e duradouro, não basta apenas apostar em remédios: é preciso uma abordagem multidisciplinar, focada em obter mais consciência corporal e uma vida mais saudável como um todo (com prática de atividades físicas, controle do estresse, sono adequado… e por aí vai).
Além disso, o processo de parar de tomar o Ozempic também exige aconselhamento médico. Afinal, ele deve ser feito de forma gradual (fase do “desmame”). “Hoje, existem vários fitoterápicos que têm ação de retardo do esvaziamento gástrico e também atuam na questão da saciedade e do controle do estímulo da insulina. Eles podem ser indicados na fase de desmame. Não existe nenhuma medicação que vai fazer o papel do emagrecimento definitivo”, finaliza Ramiele Calmon.
Fonte: Ramiele Calmon, nutricionista especializada em climatério e menopausa e mestre em nutrição, especialista em saúde da mulher, especialista da qualidade de vida e mestre em segurança alimentar.