A prática de exercícios por pacientes com diabetes é fundamental para o controle da taxa de açúcar no sangue. A doença é caracterizada pela concentração elevada de glicose na corrente sanguínea. Seus efeitos figuram entre os principais fatores de risco para doenças cardiovasculares.
Contudo, muitos pacientes evitam se exercitar porque têm medo de, durante o treino, sofrerem crises de hipoglicemia ou hiperglicemia (queda acentuada de taxa de açúcar no sangue ou elevação súbita, respectivamente). Uma das formas a qual o paciente recorre para acompanhar as oscilações é o uso de aparelhos que medem os sinais em tempo real. Porém, pode ser difícil para educadores físicos e pacientes fazer a correta interpretação dos dados.
Pensando em facilitar a compreensão e, consequentemente, melhorar o treino, pesquisadores da Universidade de Swansea, no País de Gales, desenvolveram um manual que indica com precisão o que fazer de acordo com as informações fornecidas durante a atividade.
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Esse guia, que pode ser encontrado no site da Springer, foi produzido pela universidade galesa e aprovado pela Associação Americana de Diabetes. Ele utiliza as informações disponibilizadas, como consumo de carboidratos e limiares do nível de glicose saudável, para definir os melhores programas de exercício.
Segundo a orientação, a prática esportiva, sem restrição de modalidade ou intensidade, deve ocorrer quando os números do aparelho apresentam de 5.0mmol/l a 10.0 mmol/l (90mg/dl até 180mg/dl) de glicose, mas preferencialmente deve estar a partir de 7.0 mmol/l (126mg/dl).
Caso os números estejam abaixo ou acima, é sugerido evitar a prática ou controlar as concentrações ingerindo mais carboidrato quando a quantidade de açúcar estiver baixa e, em casos de hiperglicemia, o controle deve ser feito por meio de injeção de insulina (hormônio que permite a entrada da glicose circulante no sangue para dentro das células).
Mas, em situações de pacientes com tendência a hipoglicemia, os níveis aceitos para a atividade física podem chegar até 15 mmol/l. (270mg/dl).
Outra avaliação necessária é a taxa de corpos cetônicos (substâncias solúveis resultantes da quebra de ácidos graxos, que pode ocorrer durante a prática de exercícios). “Podemos ver isso de forma indireta a partir de uma alta quantidade de glicemia (acima de 250mg/dl) e sinais clínicos como, por exemplo, o hálito”, explica o educador físico Bruno Gion, do Hospital Israelita Albert Einstein. “Quando há algum desses sinais, a prática é contraindicada.”
Para a produção do guia, os estudiosos de Swansea entrevistaram fisiologistas, cientistas do esporte, diabetologistas, endocrinologistas, diabetologistas pediátricos e nutricionistas. Assim, após a coleta das informações, os pesquisadores criaram o documento, aprovado na Conferência Internacional de Tecnologias Avançadas & Tratamento para diabetes, que ocorreu em Madri, Espanha, este ano.
(Fonte: Agência Einstein)
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